Padre candidato diz sofrer extorsão de falsos delegados
Candidato a vice-prefeito de Piracanjuba (GO), Milton Justus (PDT) alega que são falsos os vídeos em que ele apareceria comprando drogas
atualizado
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Candidato a vice-prefeito em Piracanjuba (GO), o padre e empresário Milton Justus (PDT), de 54 anos, registrou uma ocorrência na Delegacia de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil de Goiás (PCGO), na qual ele denuncia ter sido vítima de ameaça e extorsão por criminosos que se passam por delegados.
Os bandidos começaram a chantageá-lo pelo WhatsApp, dizendo que teriam vídeos dele comprando e usando drogas. As mídias, no entanto, teriam sido adulteradas, possivelmente por inteligência artificial. As primeiras tentativas de extorsão começaram em janeiro de 2023 e voltaram a ocorrer agora, com maior frequência, após ele registrar candidatura.
Milton Justus é padre da Igreja Sirian Ortodoxa de Antiquia, além de vice-presidente e relações públicas da igreja no Brasil e na América Latina. Conforme o boletim de ocorrência, as chantagens e extorsões começaram depois que ele fez uma viagem para Balneário Camboriú (SC), em dezembro de 2022. Os criminosos passaram a procurá-lo, passando-se por delegados do Pará e do Rio Grande do Sul.
“Olha só, é a última vez que tento resolver com você de uma forma amigável. (…) Estarei te enviando alguns vídeos de muitos que tenho [que mostram] o senhor falando o que não deve, se drogando e comprando drogas”, diz o texto de uma das mensagens recebidas pelo padre.
A esposa de Milton Justus também recebeu mensagens dos criminosos. Além de pedirem dinheiro e ameaçarem acabar com a carreira dele, os bandidos passaram a dizer que estavam em contato com um jornal de Goiás e que estavam prestes a encaminhar as mídias para uma reportagem.
Veja prints das mensagens:
Relato do padre e investigação da Polícia Civil
Com a denúncia registrada nessa segunda-feira (2/9), a PCGO investiga se os criminosos usaram a voz e a imagem do padre adulteradas, a partir de uma gravação escondida feita no dia 26 de dezembro de 2022.
Conforme o relato de Milton Justus à polícia, ele conta que conheceu dois jovens em uma praça de Balneário Camboriú, perto do hotel onde ele estava hospedado. Após consumirem bebida alcóolica juntos, eles insistiram que o padre estava embriagado e se dispuseram a acompanhá-lo de carro até o hotel.
Justus conta que, no trajeto, os três conversaram sobre pontos turísticos da cidade e que ele, sentado no banco do passageiro, não percebeu que estava sendo gravado pelo jovem acomodado no banco de trás. Semanas depois, em janeiro de 2023, após retornar para Piracanjuba, ele recebeu uma mensagem de visualização única pelo WhatsApp, com conteúdo forjado.
A mensagem dizia que ele deveria pagar uma quantia de R$ 3 mil para que o vídeo não fosse exposto. Segundo o padre, a gravação o colocava em situação não verídica. À época, por se tratar de conteúdo adulterado, ele não respondeu e os criminosos pararam de mandar mensagem por um tempo. Agora candidato, o grupo voltou a agir.
O padre alega, no entanto, que, apesar das chantagens e das mensagens recorrentes, os bandidos nunca apresentaram qualquer vídeo dele comprando ou usando drogas.
O que diz a defesa do padre
O advogado Alexandre Pinto Lourenço, responsável pela defesa de Milton Justus, acredita que ele tenha sido vítima de uma rede criminosa com integrantes de Goiás e de Santa Catarina. Ele alerta que, diante do apurado, até então, qualquer pessoa pode ser vítima desse tipo de crime.
“Os bandidos têm usado a tecnologia para praticar crimes de extorsão e grave ameaça contra diversas pessoas. Muitas delas ainda se sentem intimidadas a denunciar com receio de partirem para o enfrentamento à criminalidade e, como consequência, sofrerem mais perseguição ou até mesmo invasão de sua vida privada, mas é preciso recorrer às autoridades para que as medidas cabíveis sejam tomadas em cada caso”, diz ele.