metropoles.com

Ovo ou filé-mignon? Auxílio-alimentação de servidores varia até 247%

Enquanto trabalhadores do GDF recebem R$ 17 por dia de serviço, os do TCDF ganham R$ 59. Legislativo local paga valor maior que o nacional

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Michel Melo/Metrópoles
capaok
1 de 1 capaok - Foto: Michel Melo/Metrópoles

Quanto custa o prato de comida que você almoçou na última semana? Com o país em crise e o dinheiro cada vez mais curto, a maioria dos brasileiros tem procurado restaurantes baratos e optado, muitas vezes, pelo bom e velho PF (prato feito). Mas essas preferências podem mudar bastante, de acordo com o local de trabalho e o valor do auxílio-alimentação pago pelo empregador. Se a pessoa for servidora do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), por exemplo, terá R$ 60 para se alimentar todo dia da semana.

Com esse dinheiro, o funcionário do TCDF pode bancar um prato bem servido em um self-service do Lago Sul – onde o quilo sai por R$ 56,80. Dá para colocar 600 gramas de comida, com direito à feijoada, acompanhada por suco natural e, de sobremesa, um gelatto, que é um sorvete gourmet – a bola é vendida por R$ 12. Com o troco, guloseimas para a tarde estão garantidas: um alfajor e um pacote de balas.

A realidade é totalmente diferente para um empregado do Governo do Distrito Federal (GDF). Os servidores da administração direta ganham, por mês, exatos R$ 394,50 de auxílio-alimentação, o que significa R$ 17 por dia trabalhado. Assim, o pessoal do Executivo distrital recebe 247% a menos do que o funcionário do TCDF para se alimentar.

“É uma desigualdade que a gente não consegue entender. Nós trabalhamos tanto quanto eles, por que merecemos menos? Eu não mereço me alimentar bem por que sou professora? Se o TCDF fosse um órgão da União eu até entenderia, mas trabalhamos todos aqui, no DF. Cadê a dignidade do professor? Eu levo comida de casa para poder economizar e tentar me alimentar melhor”, desabafa Juliana Costa, que leciona português no Centro de Ensino Médio do Paranoá.

No vídeo a seguir, confira quanto de comida cabe no prato de cada dia dos funcionários das principais repartições públicas da capital: 


DF paga mais do que órgãos federais 

No Legislativo e no Judiciário, os valores do benefício também são diferentes. O que chama a atenção, no entanto, é o fato de Senado e Câmara dos Deputados oferecerem auxílios-alimentação de quase R$ 300 a menos do que a Câmara Legislativa do Distrito Federal. Na CLDF, os servidores recebem R$ 1.269,84 mensais para refeições, enquanto no Congresso Nacional são R$ 982.

Nas Cortes de Contas federal e local a discrepância persiste. No Tribunal de Contas da União (TCU) o benefício é de R$ 992,10, enquanto o TCDF paga R$ 318,10 a mais (R$ 1.310,97).

Já nos demais órgãos do Poder Judiciário o valor é padronizado: R$ 884 o mês. São os casos do Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) e também do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Veja a tabela completa:

 

Segundo o advogado trabalhista Marcos Chehab, as variações ocorrem porque não há uma legislação que normatize o auxílio-alimentação. “O benefício é determinado por convenção coletiva das categorias ou por decisão dos empregadores. O pagamento não é obrigatório, então, o local pode definir o montante a ser pago e ninguém pode questionar”, explica.

Chehab critica o alto valor que é depositado na conta dos servidores de órgãos como TCDF, Câmara Legislativa e TCU.

Nos agride, enquanto cidadãos, vermos instituições que são bancadas pelos nossos impostos pagarem quase R$ 60 por dia para o servidor se alimentar. Essa quantia é fora de propósito

Marcos Chahab, advogado trabalhista

Impacto nos cofres públicos
O Metrópoles questionou todos os órgãos citados sobre como o pagamento do benefício afeta os cofres públicos. Confira abaixo as respostas dos órgãos que se manifestaram até a publicação desta reportagem:

O STJ informou que pagou, em janeiro de 2018, R$ 2.595.584,72 em auxílio-alimentação para apenas 2.970 servidores.

O Ministério Público do DF afirmou arcar, em média, com R$ 2,1 milhões mensais para custear o benefício a cerca de 2,4 mil trabalhadores, entre promotores, procuradores de Justiça e servidores.

Já o TCU explicou que, em 2017, foram gastos R$ 29.641.571,05 de auxílio, ou seja, uma média mensal de R$ 2.470.130,92 para custear as refeições de aproximadamente 2.660 servidores.

O Governo Federal informou que o montante despendido é de R$ 257 milhões mensais para todos os servidores do Executivo federal.

O Senado desembolsa R$ 5.865.044,47 com seus funcionários.

A despesa mensal com auxílio-alimentação do TCDF é de R$ 697.436,04, para apenas 532 servidores.

O MPF conta com 11.264 funcionários e gastou, em janeiro deste ano, R$ 9.948.978,00 para bancar o benefício.

O Palácio do Buriti informou que, em 2017, foram pagos R$ 508,9 milhões para servidores e empregados da administração direta e indireta do Distrito Federal.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?