“Ouvi os gritos de socorro”, conta vítima de acidente com ônibus em GO
Maressa Jordana saiu de Uberlândia e seguia para Goiânia; ela acordou em meio à confusão, desespero e gritos de socorro no meio da madrugada
atualizado
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Goiânia – Maressa Jordana, de 21 anos, havia saído de Uberlândia (MG) para passar o Natal com a família na capital goiana e, quando estava quase chegando ao destino, pela BR-153, em Aparecida de Goiânia, o ônibus em que ela estava bateu, tombou e caiu numa ribanceira. O acidente aconteceu na madrugada desta sexta-feira (24/12) e cinco pessoas morreram e várias ficaram feridas.
“Eu estava em cima e do lado da janela. Como a janela quebrou, eu bati a cabeça de uma vez no chão e saí arrastando”, relata.
Ela relembra que foi uma confusão generalizada logo após o ônibus bater, tombar e cair no leito do Córrego Santo Antônio:
“Foi uma loucura. Quem conseguiu sair do ônibus estava bem desesperado, gritando socorro. Ouvi os gritos de socorro. Dava para ouvir nitidamente os gritos de quem estava na parte de baixo. Eles gritavam por socorro e pediam pela chegada do resgate”, conta.
Com escoriações no rosto, nos braços e machucados na boca e no quadril, a jovem, que trabalha como assistente de e-commerce deixou o Hospital Estadual de Urgências de Goiânia (Hugo) na manhã desta sexta e conversou com a reportagem do Metrópoles.
Ela conta que não se recorda direito do que aconteceu, porque estava dormindo. “Só senti o primeiro impacto na hora e pensei: ‘Nossa, uma colisão’. E aí do nada senti tudo girar. Tudo estava girando e eu pensei: ‘Meu Deus, o que está acontecendo?'”, questionou-se.
Socorro
Maressa foi retirada pelos bombeiros pela parte onde fica a ventilação do ônibus. Segundo ela, eles conseguiram abrir o compartimento para retirar os sobreviventes que estavam na parte superior do ônibus.
Ela estava acompanhada da avó de 72 anos, que sofreu ferimentos no pulso, levou pontos, mas já passa bem na casa da família, em Goiânia.
A jovem foi acompanhada no hospital por uma pessoa da família. Ela diz que foi um livramento. “Pelo jeito que o ônibus estava, eu fiquei com muito medo dele virar mais uma vez com a gente dentro”, revela.
Outro caso
A professora Tércia Euclídes, de 41 anos, foi outra das sobreviventes. Ela contou ao Metrópoles que o ônibus estava 2h atrasado e correndo bastante.
“Peguei o ônibus em Caldas Novas e ia para Brasília passar Natal com a minha mãe. Eu lembro que ônibus atrasou e estava andando muito rápido. Eu não consegui dormir, porque fiquei com medo. Eu vinha rezando e aí, de repente, só vi a batida, o ônibus capotou e caiu na ribanceira”, relata.
Atraso
Segundo a professora, estava marcado para o ônibus passar em Caldas Novas às 21h30, mas ele só chegou às 23h30. Tércia quebrou três vértebras no acidente e foi levada para o Hospital Estadual de Urgências de Goiânia (Hugo). Após ser imobilizada e atendida na unidade, ela recebeu alta por volta das 11h deste sábado.
Um irmão e uma cunhada dela se deslocaram de Brasília para Goiânia. Eles a colocaram em um carro e a levaram para a casa da mãe, na capital federal.
A professora não fazia a viagem sozinha. Ela estava acompanha de uma sobrinha e do namorado da garota. Os dois saíram sem maiores ferimentos e ajudaram, inclusive, a retirar Tércia do ônibus.
A sobrevivente se recorda que tinha um senhor tentando puxá-la para fora. Ela estava na parte de cima do ônibus. “Engoli muita água e muito barro. Tô muito ruim. Foi um pesadelo”, afirma.
Batida
O veículo da Real Expresso, que seguia de São Paulo (SP) para Brasília (DF), bateu, por volta das 2h, em um caminhão e uma viatura da concessionária que administra o trecho da BR-153, e despencou por uma ribanceira, parando somente no leito do córrego. O local é próximo ao ponto em que o piso da rodovia erodiu no último domingo (19/12), após fortes chuvas.
O Metrópoles acompanhou o trabalho da equipe de resgate para içar o ônibus e retirá-lo da água. Os dois sentidos da BR-153 ficaram bloqueados para a operação de retirada do veículo do local. O trânsito só foi liberado no início da tarde.
Feridos
Ao todo, foram 46 envolvidos no acidente: 5 morreram; 27 recusaram atendimento; 14 foram enviados para hospitais com quadros de saúde diferentes.
Todos os mortos foram levados para o Instituto Médico Legal de Aparecida de Goiânia e estão sendo identificados. Até agora, um casal de idosos de São Paulo já foi identificado. Os nomes não foram divulgados. Um passageiro do Distrito Federal também estaria entre as vítimas fatais. Duas pessoas seguem sem identificação.
Parte dos pacientes foi levada para o Hospital Estadual de Urgências de Goiás (Hugo). A unidade informou que recebeu sete pacientes. Dois deles estão no centro cirúrgico, três estão estáveis e passam por avaliação médica e exames e dois já tiveram alta hospitalar.
A Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia informou que a equipe do SAMU atuou no socorro às vítimas do acidente desta madrugada na BR-153. Segundo informações do órgão, pacientes graves foram encaminhados para hospitais da região metropolitana (Heapa, Hugo e Hugol) e três pacientes com quadros leves foram encaminhados à UPA Brasicon. A secretaria informa que esses três pacientes estão bem e já receberam alta.
Veja local onde a pista cedeu:
Desvio
O ônibus da empresa Real Expresso, que fazia a linha de São Paulo para Brasília, caiu em uma ribanceira após colidir com a viatura de inspeção da Concessionária Triunfo Concebra e com um caminhão que seguia no sentido oposto da via.
O acidente ocorreu no km 508 da BR 153, na Região Metropolitana de Goiânia, onde havia um desvio em função de obras decorrentes de problemas estruturais na via. Chovia no momento do acidente, que aconteceu por volta das 2h.
A Polícia Rodoviária Federal está no local para avaliar, junto aos Bombeiros e concessionária, as condições para liberar o trânsito na rodovia. O ônibus será retirado somente na madrugada de sábado, horário de tráfego menos intenso, para que o fluxo seja liberado o quanto antes.
Veja vídeos:
Ainda que a rodovia seja liberada, o trânsito no local continuará intenso e com lentidão. Portanto, a PRF recomenda que os condutores evitem passar por esse trecho da BR, utilizem outras rotas ou mesmo optem por horários de fluxo viário menos intenso.
A empresa responsável pelo ônibus e pela viagem disse que o acidente será investigado. “As causas do acidente serão apuradas em procedimento interno da empresa como também pelas investigações oficiais, e estamos trabalhando em conjunto com as Polícias Rodoviária e Civil para que tudo seja, o quanto antes, esclarecido”, informou a empresa Real Expresso.