“Ouro negro”: descubra a riqueza que ameaça território indígena
A cassiterita, minério de ampla utilização na indústria, tem valor elevado e atiça a cobiça de garimpeiros ilegais
atualizado
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Um produto valioso extraído da natureza tem sido alvo da cobiça de garimpeiros. A exploração da cassiterita se tornou mais uma ameaça aos territórios indígenas, como o do povo Yanomami. A cassiterita é composta por estanho, um minério com valor comercial que tem despertado a atenção de garimpeiros ilegais.
O recurso é abundante no Brasil. Conforme a Agência Nacional de Mineração (ANM), o país tem a nona maior reserva do mundo de estanho.
Professor do Departamento de Geologia da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Vlademir Souza explica que o estanho tem várias aplicações na indústria. “Desde a fabricação de latas para os mais diversos fins até na indústria de alta tecnologia, como na fabricação de motores e de vários componentes na indústria de base”, detalha.
A maior parte da cassiterita é retirada da natureza pela cota de “aluvião no leito dos rios”, ou seja, extração superficial. No entanto, também há a exploração dela por meio da mineração direto da rocha.
“Se (a mineração) for realizada na área indígena, esta envolve a retirada de leito dos rios, que pode alterar a qualidade ambiental deles, e também há a supressão vegetal, com a retirada da mata nativa”, revela Vlademir.
Quando não é retirada de maneira externa, a extração da cassiterita tem padrão semelhante ao do ouro. Desta forma, há danos à floresta, movimentação de solo e, com isso, rios são afetados com o carreamento de material para dentro do leito, além de contaminação das águas.
O valor de mercado da cassiterita é elevado e atrai mineradores. A Secretaria de Finanças de Rondônia estima em R$ 107,55 o preço do quilo da cassiterita, e de R$ 165,46, o do estanho.
Uma operação no início do ano, da Polícia Federal, apreendeu 1,850 kg de cassiterita em terras indígenas Yanomami. A ação tinha como foco inutilizar estruturas que garimpeiros utilizavam para extração do minério e também de ouro. Três antenas Starlink, operadas pela empresa americana SpaceX, do bilionário Elon Musk, também foram recolhidas.