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“Os mesmos que fazem carreata vão ficar em casa”, diz Mandetta

Ministro da Saúde ironiza manifestantes que têm exigido reabertura do comércio e retomada da normalidade no país

atualizado

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Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em entrevista sobre o coronavírus
1 de 1 Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em entrevista sobre o coronavírus - Foto: André Borges/Metrópoles

Em discurso contundente pela manutenção das medidas de isolamento para conter o avanço da Covid-19, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, se posicionou contra carreatas que ocorreram em diversos estados do país pela flexibilização da quarentena e a retomada de atividades econômicas. O ministro afirmou que o novo coronavírus entrou no Brasil através da elite econômica e que é preciso preservar o sistema de saúde brasileiro neste momento para garantir atendimento a todos.

“Fazer movimento assimétrico de efeito manada… Daqui a duas semanas, três semanas, os mesmos que falam ‘vamos fazer carreata’ vão ser os mesmos que vão ficar em casa. Não é hora”, declarou Mandetta durante coletiva de imprensa neste sábado (28/03) para atualizar dados sobre a epidemia no país.

Nessa sexta-feira (27/03), o presidente Jair Bolsonaro chegou a classificar o movimento de pessoas que saíram às ruas de carro para protestar contra a quarentena como “fantástico” e disse que governadores e prefeitos deveriam prestar atenção.

“Essa doença entrou pela elite do Brasil, elite econômica. Aqui em Brasília, os casos são quase todos no Plano Piloto e no Lago Sul, não chegou na periferia do sistema. Como no Rio de Janeiro, a Barra da Tijuca, o Leblon, ainda não chegou, está começando a entrar nas comunidades”, alertou Mandetta neste sábado.

Ele disse que, no momento, os minutos valem horas para combater a propagação do vírus, que já contaminou mais de 3 mil brasileiros e matou 114, segundo a última atualização feita na tarde deste sábado. Mandetta afirmou, ainda, que é preciso poupar o sistema de saúde porque os profissionais ainda não possuem materiais adequados em quantidade suficiente. Se médicos e enfermeiros se contaminarem, o ministro afirma que não haverá pessoas para usar os equipamentos e atender as pessoas.

“Agora vai ter que poupar o sistema de saúde. Não é hora de sobrecarregar o sistema, seja em nome do que for. É hora de aguardar, vamos ver como essa semana vai se comportar e nós vamos ter essa semana a discussão dentro da saúde para achar os parâmetros.”

Cloroquina

Ainda na contramão do discurso de Bolsonaro, Mandetta falou que o uso da cloroquina, ainda em estudo como medicamento de combate ao novo coronavírus, não tem comprovação científica. “Cloroquina não é panaceia. Não é o remédio que veio para salvar a humanidade”, disse.

De acordo com o ministro, há vários medicamentos em estudo e a cloroquina só tem sido usada para casos graves da Covid-19. Do contrário, pode causar arritmia cardíaca e sobrecarregar o fígado.

“Se sairmos com a caixa desse medicamento falando ‘pode tomar’, nós podemos ter mais mortes por mau uso de medicamento do que pela própria virose. Então, não façam isso. Esse medicamento tem a sua indicação para lúpus, artrite reumatoide e malária, claramente colocado ali”, enfatizou.

Na última semana, durante reunião com os países que compõem o G20, o presidente Jair Bolsonaro levou uma caixa de hidroxicloroquina e falou sobre os benefícios do fármaco. Depois, em conversa com jornalistas, Bolsonaro disse que ouviu falar que o remédio tem sua eficácia “100% comprovada”.

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