Oposição volta ao DF para traçar estratégia após Jordy se tornar alvo
Deputados se reúnem na liderança do PL na Câmara para discutir reação, enquanto Rogério Marinho se encontra com presidente do STF
atualizado
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As ações de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) contra o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) na última semana causaram revolta em membros da oposição no Congresso Nacional.
O grupo prepara, nesta quarta-feira (23/1), uma reunião para se mobilizar contra o que considera “abusos” na Operação Lesa Pátria, deflagrada pela PF para investigar os atos golpistas de 8 de janeiro.
Parlamentares do PL, sigla de Jordy, se reúnem às 10h30 desta quarta para discutir o caso na liderança da sigla na Câmara. O PL também é o partido do qual o ex-presidente Jair Bolsonaro faz parte.
Também nesta quarta, às 17h, o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), se encontra com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, para tratar do assunto.
O encontro foi solicitado pelo senador depois da operação que teve o deputado Jordy como um dos alvos. Na reunião, Marinho não pretende contestar a decisão que autorizou os mandados de busca e apreensão. A preocupação é, como defendem membros da oposição, “cobrar a retomada da normalidade democrática, o respeito à Constituição e às leis”.
Os parlamentares defendem que as investigações respeitem princípios que, de acordo com eles, estariam sendo desrespeitados, como as prerrogativas do exercício do mandato parlamentar, a inviolabilidade do mandato e os direitos e garantias individuais.
Na última semana, Marinho divulgou nota junto a outros membros da oposição pedindo que o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga Jordy, se declare suspeito nas investigações. Os signatários se colocam contra os atos golpistas de 8 de janeiro, mas defendem o “respeito ao juízo natural”.
Para os parlamentares, a nomeação de Moraes para a relatoria de processos sobre os ataques antidemocráticos tem um “vício de origem”. “As declarações públicas do ministro, nas quais ele se apresenta como vítima de ameaças, levantam sérias dúvidas sobre sua capacidade de manter a imparcialidade necessária em tais projetos”, consta no documento.
“Ele não tem imparcialidade para os processos dos atos do 8 de janeiro de 2023, é supostamente vítima, investigador e julgador. Ele comenta e concede entrevistas sobre processos que estão sob julgamento e opina sobre fatos ainda não julgados. Ante o exposto, a postura republicana esperada seria o próprio ministro tomar a iniciativa de se declarar suspeito para julgar os atos de 08 de janeiro, com a grandeza de quem, de fato, busca a pacificação do país e está disposto a virar essa lamentável página da história brasileira, cumprindo a lei e agindo na defesa da Constituição”, concluem os senadores no pronunciamento.
Entenda a investigação contra Jordy
Carlos Jordy é investigado por incitar os atos golpistas como os do 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes em Brasília (DF) foram invadidas e depredadas. Na última semana, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão no gabinete do parlamentar, localizado no Anexo III da Câmara dos Deputados, além de ter recolhido seu celular em sua casa, no Rio.
Conforme nota divulgada pela PF, o objetivo da 24ª fase da operação foi identificar pessoas que planejaram, financiaram e incitaram atos antidemocráticos entre outubro de 2022 e o início do ano passado, no interior do estado do Rio de Janeiro (RJ).
De acordo com as apurações da PF, Jordy teria passado mensagens com orientações sobre atos golpistas para bolsonaristas do estado. A corporação acredita que as mensagens podem ter servido como “atos preparatórios” para as manifestações antidemocráticas do ano passado.
Operação Lesa Pátria
As investigações ocorrem no âmbito da 24ª fase da Operação Lesa Pátria, que tem objetivo de identificar pessoas que planejaram, financiaram e incitaram os atos antidemocráticos entre outubro de 2022 e janeiro de 2023.
Na última quinta, foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Os mandados foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF)