Polícia faz operação contra grupo suspeito de rombo de R$ 100 mi em GO
Empresários e contadores estão entre os alvos de operação em andamento na manhã desta terça-feira, no estado
atualizado
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Goiânia – Uma associação criminosa investigada por suspeita de sonegação fiscal e diversas falsificações é alvo de uma operação da Polícia Civil de Goiás, deflagrada na manhã desta terça-feira (23/2). As investigações apontam que os crimes desfalcaram os cofres públicos goianos em mais de R$ 100 milhões.
A Delegacia de Repressão a Crimes Contra Ordem Tributária (DOT) está cumprindo 20 mandados de busca e apreensão e 12 mandados de prisão temporária, na Operação Último Drink. Entre os alvos estão empresários e contadores suspeitos de usar esquemas de fachada, os chamados laranjas, para lesar os cofres públicos e ostentar vida de luxo.
A Polícia Civil ainda não divulgou mais detalhes da operação contra sonegação fiscal nem os nomes dos suspeitos. Uma entrevista coletiva será realizada ainda nesta manhã para os investigadores passarem mais informações.
De acordo com os investigadores, esta é a maior operação realizada pela delegacia e tem o apoio da Secretaria de Economia, que efetuou auditoria nas contas das empresas investigadas.
Os suspeitos responderão ao inquérito policial pelos crimes de associação criminosa, crimes contra a ordem tributária e falsificações diversas.
Trabalharam nesta operação um total de 100 policiais civis e foram usadas 40 viaturas.
Durante a operação, os policiais civis apreenderam R$ 40 mil em espécie, computadores, celulares, notas fiscais, documentos.
Residências de luxo
Os mandados foram cumpridos em Goiânia, em escritórios de contabilidade, empresas e nas residências de luxo dos investigados, em três condomínios de luxo.
A Operação Último Drink resultou ainda na lavratura de três autos de prisão em flagrante pelo crime de posse ilegal de arma de fogo, com apreensão de quatro armas e munições.
As investigações se iniciaram após denúncia anônima, cujas informações foram checadas pela Polícia Civil e Secretaria de Economia. Nove empresas, todas sediadas em Goiânia, lideradas pelos respectivos empresários, com apoio de contadores e escritórios de contabilidade, contando com emprego de laranjas, participariam de uma verdadeira associação criminosa voltada para sonegações fiscais e falsidades diversas.
Modus operandi
A Polícia Civil identificou os seguintes modos de operação do esquema criminoso:
1) Empresários gananciosos começaram a constituir empresas em nome próprio e da família;
2) As empresas foram constituídas como distribuidoras de bebidas (simulação), mas na verdade obtinham lucro vendendo diversas notas fiscais inidôneas para outras empresas do ramo, as quais visam legalizar o comércio fraudulento de bebidas alcoólicas (ex: esquentando bebidas produto de furto ou roubo);
3) A Polícia Civil acredita que as empresas que emitem as notas cobram 5% do valor de cada nota emitida, sendo que parte desse percentual é direcionado para simular a movimentação financeira dessas empresas “noteiras”;
4) Como o negócio era bastante vantajoso, os empresários começaram a abrir outras empresas, todas em nome de laranjas, que também simulavam o comércio de bebidas, ocasião em que a falcatrua (comércio de notas) se expandiu;
5) As investigações da Polícia Civil identificaram pessoas que obtiveram sucesso repentino, as quais possuíam funções simples, como de faxineiro, e, em pouco mais de um ano, viraram grandes empresários donos de pessoas jurídicas com enorme movimentação financeira. São os denominados laranjas;
6) Ao todo, foram identificadas nove empresas suspeitas de participarem da associação criminosa. Grande parte das notas fiscais que essas empresas emitiam tinham como destinatárias pessoas jurídicas fantasmas de outros Estados da Federação (SP, RJ, MG, RS, PR etc);
7) A Polícia Civil e a Secretaria de Economia também identificaram que grande parte das empresas possuem movimentação comercial incompatível com a própria estrutura que possuem;
8) As empresas envolvidas também estariam cadastradas como varejistas, porém, a maior parte do comércio de bebidas delas era destinada para fora do Estado, geralmente, para empresas com situação cadastral irregular;
9) As empresas investigadas apresentam fortes indícios de serem “noteiras”, ou seja, receberiam e emitiriam notas fiscais para ocultar os verdadeiros beneficiários e burlar os fiscos estaduais;
10) O recolhimento de ICMS das empresas investigadas aparenta ser incompatível com as movimentações comerciais;
11) Oito das nove empresas investigadas utilizavam o mesmo protocolo IP para emissão de suas notas fiscais eletrônicas (quase 100% das notas fiscais emitidas). Isso, segundo a Polícia Civil, demonstra a existência de um único escritório centralizado entre todas as empresas para realização da falcatrua;
12) Escritórios de contabilidade e contadores estariam envolvidos no esquema e seriam utilizados para realizar a contabilidade paralela dessas empresas e dar um ar de legalidade às operações fraudulentas;
Após investigações, a Polícia Civil representou por mandados de prisão e busca e apreensão, os quais foram deferidos pelo Poder Judiciário com manifestação favorável do Ministério Público. Os suspeitos se encontram presos à disposição do Poder Judiciário.