Operação investiga uso da Abin para espionagem com software FirstMile
Na semana passada, a operação mirou o deputado federal e ex-diretor-geral da Abin Alexandre Ramagem
atualizado
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A ação da Polícia Federal (PF) desta segunda-feira (29/1) sobre a “Abin paralela” do governo Bolsonaro, cujo um dos alvos é o filho 02 do ex-presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PL), é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em 20 de outubro de 2023.
Mandados de busca e apreensão são cumpridos na casa de Carlos Bolsonaro e também no gabinete dele na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. As buscas foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Na semana passada, a operação mirou o deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem (PL-RJ). Policiais federais fazem buscas no gabinete do parlamentar, na Câmara dos Deputados, e no apartamento funcional dele em Brasília.
Além de Ramagem, que também é delegado da PF, a Operação Vigilância Aproximada investigou outros policiais federais suspeitos de integrar uma organização criminosa que se instalou na Abin com o intuito de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas, utilizando-se de um software espião chamado FirstMile.
As provas obtidas a partir das diligências executadas pela Polícia Federal à época indicam que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, a fim de obter proveitos pessoais e até mesmo interferir em investigações da Polícia Federal.
Os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
Software espião
O FirstMile permite o monitoramento de até 10 mil celulares a cada 12 meses, bastando digitar o número da pessoa. Além disso, a aplicação cria históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.
De acordo com as investigações, o sistema de geolocalização usado pela Abin é um software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira. A rede de telefonia teria sido invadida diversas vezes com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos.