ONU critica ação “extremamente lenta” e cobra governo por buscas no AM
Organização ressaltou a necessidade de que autoridades brasileiras redobrem esforços para encontrar Dom Phillips e Bruno Pereira
atualizado
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A Organização das Nações Unidas (ONU) criticou a ação “extremamente lenta” do governo brasileiro e cobrou que as autoridades “redobrem esforços” nas operações de busca pelo indigenista Bruno Pereira e pelo jornalista britânico Dom Phillips, desaparecidos na Amazônia.
“A resposta (do governo ao desaparecimento) foi extremamente lenta, infelizmente. Achamos bom que agora, após uma medida judicial, as autoridades tenham empregado mais meios para as buscas”, declarou a porta-voz do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Ravina Shamdasani.
“O Estado tem a responsabilidade de proteger o trabalho de jornalistas e de defensores dos Direitos Humanos. Eles têm a obrigação de assegurar o direito à segurança e de iniciar uma investigação.”
O posicionamento da ONU foi divulgado nesta sexta-feira (10/6), em nota oficial publicada na página do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos (ACNUDH).
“Incitamos as autoridades brasileiras a redobrarem seus esforços para encontrar Phillips e Pereira, com tempo de urgência, tendo em vista os riscos reais aos seus direitos à vida e à segurança”, ressaltou Ravina Shamdasani.
A organização pontuou que os governos federais e locais devem reagir de maneira “robusta e expedita”, empregando meios disponíveis e recursos especializados para uma busca eficaz na área remota.
A porta-voz da organização também destacou a preocupação da ONU com os ataques a defensores de direitos humanos, ambientalistas e jornalistas no Brasil.
“As autoridades têm a responsabilidade de protegê-los e garantir que possam exercer seus direitos, inclusive à liberdade de expressão e associação, livres de ataques e ameaças”, frisou Ravina.
A representante da entidade também pediu mais atenção aos povos indígenas brasileiros, especialmente aos que vivem em isolamento voluntário ou estão em processo de contato inicial.
“As autoridades devem adotar medidas adequadas para garantir seus direitos à terra, aos territórios e aos meios de subsistência tradicionais, protegendo-os de todas as formas de violência e discriminação – tanto por parte de atores estatais quanto não estatais”, concluiu.
Investigações
Segundo a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), os dois profissionais desaparecidos se deslocavam com o objetivo de visitar a equipe de vigilância indígena que atua perto do Lago do Jaburu. O jornalista pretendia realizar algumas entrevistas com os habitantes daquela região.
De acordo com relatos, o desaparecimento ocorreu durante o trajeto da comunidade Ribeirinha São Rafael à cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas, no último domingo (5/6).
O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Eduardo Alexandre Fontes, disse que não descarta qualquer linha de investigação no caso, inclusive a hipótese de homicídio.
Em entrevista coletiva transmitida ao vivo de Manaus na quarta-feira (8/6), a corporação afirmou que as buscas continuam. “Estamos averiguando se houve algum crime nesse desaparecimento”, frisou Fontes. Até o momento, um dos suspeitos, conhecido como Pelado, foi preso. Após audiência de custódia, a Justiça decidiu que ele permanecerá preso pelos próximos 30 dias.
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