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ONU alerta para impacto ambiental da lA e da mineração de criptomoedas

Estudo do Unctad revela consumo excessivo de energia e água potável de novas tecnologias digitais e busca acelerada por extração de minerais

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Os impactos ambientais da economia digital estão se tornando cada vez mais severos. Esta é a conclusão de um estudo lançado nesta terça-feira pelo Escritório da ONU para o Comércio e Desenvolvimento, Unctad.

O Relatório da Economia Digital 2024 destaca como o desenvolvimento da inteligência artificial e a mineração de criptomoedas consomem grandes quantidades de minerais, energia e água, contribuindo significativamente para as emissões de gases de efeito estufa e poluição.

Consumo excessivo de energia e água potável

O consumo global de energia relacionado à mineração de Bitcoin, por exemplo, aumentou cerca de 34 vezes entre 2015 e 2023, atingindo 121 Terawatts. No caso da empresa Microsoft, estima-se que o treinamento do GPT-3, um modelo de linguagem no qual o ChatGPT se baseia, consumiu diretamente 700 mil litros de água potável para resfriamento.

O Unctad ressalta a preocupação com o esgotamento de matérias-primas finitas para tecnologias digitais, o aumento do consumo de água e energia e a crescente questão dos resíduos relacionados à digitalização.

O documento destaca que os países em desenvolvimento são fundamentais na cadeia de suprimentos global de minerais e metais de transição, essenciais para a mudança para tecnologias digitais e de baixo carbono.

O continente africano detém reservas significativas, que incluem 55% do cobalto mundial, 47,65% do manganês, 21,6% do grafite natural, 5,9% do cobre, 5,6% do níquel e 1% do lítio. Segundo o Banco Mundial, a demanda por insumos necessários para a digitalização, como grafite, lítio e cobalto, pode aumentar 500% até 2050.

Impacto da mineração no Brasil

O relatório ressalta que Brasil também possui grandes reservas de minerais de transição, incluindo 26% do grafite natural, 19% de elementos de terras raras, 14% do manganês, 12% do níquel e 9% da bauxita.

Os autores do estudo ressaltam o impacto da mineração em ecossistemas naturais. Segundo o texto, cerca de 11.670 km2 do desmatamento da floresta amazônica brasileira observado entre 2005 e 2015 foi causado pela mineração. Isso representa cerca de 9% da perda total de floresta durante o período.

Segundo o Unctad, o manuseio e o descarte inadequados de resíduos digitais também exacerbam as desigualdades ambientais, impactando desproporcionalmente os países em desenvolvimento.

O levantamento realizado pela agência conclui que embora a digitalização impulsione o crescimento econômico global e ofereça oportunidades únicas para os países em desenvolvimento, são eles que suportam um “fardo desproporcional”.

Aumento das emissões de CO2

O levantamento do Unctad revela que a pegada ambiental do setor de tecnologia da informação e comunicação é significativa, levando-se em conta todo o ciclo de vida dos dispositivos digitais e da infraestrutura.

Em 2020, as emissões de CO2 do setor foram estimadas entre 0,69 e 1,6 gigatoneladas, representando de 1,5% a 3,2% das emissões globais de gases de efeito estufa, número que deve aumentar com o crescimento da economia digital.

O comércio eletrônico aumentou, com os compradores on-line crescendo de menos de 100 milhões em 2000 para 2,3 bilhões em 2021. A alta levou a uma subida de 30% nos resíduos relacionados ao digital de 2010 a 2022, atingindo 10,5 milhões de toneladas globalmente.

Velocidades de conexão mais altas permitem que mais dados sejam gerados, coletados, armazenados e analisados, e isso é fundamental para tecnologias emergentes, como análise de big data, inteligência artificial e a Internet das coisas. Espera-se que o número de objetos conectados à Internet aumente de 13 bilhões em 2022 para 35 bilhões em 2028.

Abordagem equilibrada

A secretária-geral do Unctad, Rebeca Grynspan, sublinhou a necessidade de uma abordagem equilibrada, que aproveite o “poder da digitalização para promover o desenvolvimento inclusivo e sustentável, mitigando ao mesmo tempo os seus impactos ambientais negativos”.

Para ela, é necessária uma transição para uma economia digital circular, caracterizada pelo “consumo e produção responsáveis, pela utilização de energias renováveis e pela gestão abrangente dos resíduos eletrônicos”. Isso significa priorizar a reciclagem, reutilização e recuperação de materiais digitais.

A especialista afirma que o crescente impacto ambiental da economia digital “pode ser revertido”. Além disso, ela afirmou que as nações em desenvolvimento atualmente “arcam com o ônus, mas não colhem os benefícios” e que isso pode mudar.

O relatório do Unctad defende que os países se beneficiem das oportunidades que a economia digital apresenta, salvaguardando simultaneamente os interesses e o bem-estar das gerações atuais e futuras.

Leia mais matérias como essas na Onu News, parceiro do Metrópoles.

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