ONU alerta: ilhas podem desaparecer com avanço do mar. Saiba quais
Nível de preocupação com elevação do Oceano Pacífico levou o presidente da ONU a fazer um alerta consistente na terça-feira (27/8)
atualizado
Compartilhar notícia
A elevação no nível dos oceanos que foi alertada na terça-feira (27/8) pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pode fazer desaparecer 14 ilhas no mundo. Entre elas, famosos pontos turísticos. A divulgação foi realizada na 53ª Reunião de Líderes do Fórum das Ilhas do Pacífico.
O relatório da ONU lista as ilhas ameaçadas: Penrhyn e Rarotanga, nas Ilhas Cook; Suva-B e Lautoka, em Fiji; Kapingamarangi e Pohnpei, na Micronesia; Betio, Tarawa, Kanton e Kiritimati, no Kiribati; Kwajalein e Majuro, nas Ilhas Marshall; Nauru-B, no Nauru; Malakal-B, no Palau; Apia, em Samoa; Nuku’alofa, no Tonga; e Funafuti, em Tuvalu.
Estas ilhas, embora estejam gravemente ameaçadas pelos efeitos do aquecimento global e da emergência climática, respondem por apenas 0,2% das emissões globais de gases do efeito estufa (GEE).
A elevação média das ilhas, conforme a ONU, é de um a dois metros em relação ao nível do mar. Nestas localidades, 90% da população reside a menos de 5 quilômetros da costa. Outro fator importante e de preocupação é que metade da infraestrutura está instalada a uma distância menor do que 500 metros do mar.
O alerta de Guterres foi realizado em Tonga, uma das localidades do Oceano Pacífico mais vulneráveis ao aumento do nível do mar, situação que ameaça cidades costeiras, não só ilhas.
Em todo o mundo, o relatório “Mares em Ascensão em um Mundo em Aquecimento” também lista 31 cidades, entre elas duas do Brasil, que podem ter efeitos devastadores da elevação das águas do Pacífico (leia mais abaixo).
Diferença
A preocupação maior com as ilhas do Oceano Pacífico é porque esta porção de águas salgadas tem apresentado elevação do nível do mar três vezes mais rápida do que a média global, considerando dados de 1980.
O secretário-geral da ONU enfatizou, mais uma vez, a necessidade de ações coordenadas de resposta à emergência.
“Os líderes globais precisam agir: reduzir drasticamente as emissões globais; liderar uma transição rápida e justa para o fim dos combustíveis fósseis; e aumentar massivamente os investimentos em adaptação climática para proteger as pessoas dos riscos presentes e futuros”, declarou Guterres, na terça.
No mundo, há 1 bilhão de pessoas que residem em regiões costeiras que estão ameaçadas pelo nível do oceano em alta.
Para a elaboração do documento, o El Niño em 2023 foi um dos fatores analisados. Temperatura, precipitação e eventos climáticos extremos, como ciclones tropicais, também foram levados em conta.
Em 2023, as localidades que podem ser tomadas pelo mar tiveram relatos de 34 eventos críticos como tempestades e inundações. As perdas de vidas humanas ultrapassaram as 200, e 25 milhões de pessoas foram afetadas.
Brasil
O Brasil também pode ser afetado pela elevação do nível do mar. A cidade do Rio de Janeiro e o distrito de Atafona, em São João da Barra (RJ) podem ser inundados pela elevação da água salgada.
Nos últimos 30 anos, o nível do mar se elevou em 15 centímetros no Pacífico, em determinados pontos, mas nas duas localidades do Estado do Rio de Janeiro, a variação foi de 13 centímetros. Ainda pode haver uma elevação adicional de até 21 centímetros até o ano de 2050.
O mar também é ameaça para outras localidades brasileiras. A instituição Climate Central divulgou um relatório, que não tem vínculo com as informações da ONU, no qual lista Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador, Recife, Porto Alegre, São Luís e Santos como cidades que podem ser parcialmente alagadas pela água salgada.