ONS: reservatórios devem atingir, em novembro, menor nível desde 2001
Reservatórios de Sudeste e Centro-Oeste respondem por 70% da energia produzida no país; país passa por seca histórica
atualizado
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Os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste — que respondem por 70% da capacidade de armazenamento do país — devem terminar o ano em uma situação “preocupante”, embora suficiente, segundo avaliação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Em audiência pública na última semana na Comissão de Minas e Energia da Câmara, o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, afirmou que esses reservatórios passam pela pior seca desde que os indicadores começaram a ser medidos, em 1931, e devem chegar a novembro com 10,3% da capacidade. Será o menor nível mensal em 20 anos. Hoje, o nível de armazenamento é de 30,8%.
Segundo Ciocchi, se o plano de ações delimitado pelo governo for bem sucedido, será possível chegar ao fim de 2021 com o suficiente para assegurar o fornecimento de energia.
“Com essas ações, a gente garante que chega ao final do ano com energia e potência necessárias para o consumo da sociedade”, disse Luiz Carlos Ciocchi.
Na avaliação da entidade, sem a adoção das medidas, os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste chegarão em novembro, quando começa a estação chuvosa, com 7,5% da sua capacidade.
Situação grave
A comissão da Câmara, que discutiu saídas para a crise hídrica, contou também com a presença do diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone.
Pepitone reconheceu a gravidade da situação, mas disse que a situação do Brasil hoje é melhor do que em 2001, quando houve o racionamento. Segundo ele, fatores como a expansão das linhas de transmissão e inclusão das fontes renováveis na matriz elétrica (como solar e eólica) deixaram o país mais preparado para o momento.
“Nós temos uma segurança energética hoje muito mais robusta do que havia há 20 anos”, afirmou.
Pepitone disse ainda aos deputados que o acionamento das termelétricas vai elevar a conta de luz dos brasileiros. O custo adicional do despacho destas usinas é estimado em quase R$ 9 bilhões entre janeiro e novembro, valores que serão repassados para os consumidores em 2022.
Medidas adotadas e em estudo
Até o momento, o governo autorizou o acionamento de usinas termelétricas adicionais; regulamentou a realização de leilões para contratar usinas “reservas” de geração de energia; autorizou a importação de energia da Argentina e do Uruguai; restringiu o uso da água de algumas bacias hidrográficas; e aplicou em junho a bandeira vermelha patamar dois nas contas de luz.
Essa bandeira representa uma cobrança adicional de R$ 6,24 para cada 100 kWh de energia consumidos.
Outras medidas estudadas envolvem a edição de uma medida provisória que concentra poderes no Ministério de Minas e Energia (MME) para adotar rapidamente medidas a fim de garantir o fornecimento de energia e a criação de um programa voluntário para que as indústrias que consomem muita energia desloquem sua produção para fora do horário de pico do sistema elétrico (das 18h às 21h).
Também é possível haver um reajuste das bandeiras tarifárias aplicadas às contas de luz e campanha de incentivo ao uso racional de energia e da água.