Ômicron: enfermeiros veem casos de Covid dispararem e relatam desgaste
Durante a pandemia, 61.741 profissionais da enfermagem foram infectados e 872 morreram por causa de complicações da doença
atualizado
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À medida que o país registra alta demanda de atendimento a pacientes com Covid-19, o avanço da doença também ocasiona desfalques na força de trabalho da saúde. Férias canceladas, plantões dobrados e afastamentos têm sido frequentes entre profissionais de enfermagem.
Levantamento realizado pelo (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles, com base em material coletado pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), mostra que, em janeiro deste ano, 1.591 profissionais da área foram diagnosticados com o vírus — o maior número mensal desde abril do ano passado, quando 3.492 casos foram registrados.
Desde o início da pandemia, 61.741 profissionais da enfermagem foram infectados e 872 morreram por causa de complicações da Covid-19.
O número de infectados na categoria pode ser ainda maior. Isso porque a contabilização de casos considera apenas os diagnósticos informados pelos profissionais, que preenchem um formulário e o enviam para o conselho.
A subnotificação de casos também é visível nos corredores dos hospitais. Nas unidades de saúde, técnicos, auxiliares e enfermeiros relatam desfalques em escalas e uma onda de contaminações maior que as anteriores.
Adriano Araújo, 50 anos, é técnico, graduado na área, e atua em um hospital particular no Distrito Federal. O profissional trabalha na linha de frente no combate à doença e é um dos funcionários reinfectados pelo coronavírus.
A primeira contaminação ocorreu em outubro de 2020; a segunda, com piora do quadro clínico, foi em dezembro do ano passado. “Eu fiquei com medo, pois meu pulmão foi acometido. Minha esposa também acabou pegando. Ela também é enfermeira”, conta.
Araújo destaca que, no hospital onde trabalha, muitos de seus colegas não estão aparecendo nos plantões, por estarem infectados ou reinfectados pela doença. A falta de apoio soma-se à alta de trabalho com a curva crescente de casos e mortes pela doença em todo o país.
Não é a primeira vez, porém, que o enfermeiro se vê diante de uma crise sanitária. Em janeiro de 2021, ele foi um dos que atenderam ao chamamento de profissionais para reforçar o atendimento nos hospitais de Manaus – que, naquele momento, viviam uma crise sem precedentes no Brasil. Ao mesmo tempo, Adriano vivia seu próprio colapso: seu pai havia acabado de morrer vítima da doença.
“Tem outros colegas que também já perderam familiares para a doença. O desgaste emocional é enorme e a gente não pode errar no nosso trabalho, pois isso pode significar perder uma vida. A gente tá pedindo socorro, porque não dá mais”, relata.
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