Ômicron e influenza afastam doadores dos bancos de sangue no Rio
Número de doações nas primeiras semanas de janeiro é 20% menor do que a média histórica do instituto; estoque atual é de apenas 3 dias
atualizado
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Rio de Janeiro – O banco de sangue do Hemorio , centro de excelência em hematologia na cidade do Rio, está em estado crítico. Nas duas primeiras semanas de janeiro de 2022, o número de doações foi 20% menor do que a média histórica do instituto.
Em entrevista ao Metrópoles, o diretor-geral do Hemorio, Luiz Amorim, avaliou que a propagação da variante Ômicron e da influenza no município impactou diretamente o estoque do hospital.
“Normalmente, o mês de janeiro registra um movimento menor, por conta de férias e dias de sol. Mas este ano, até aqui, conseguiu ser 15% pior em relação a todo o mês de janeiro de 2021, que também não foi muito bom”, comparou Amorim.
Estoque
O ideal para um banco de sangue é ter um estoque suficiente para, no mínimo, sete dias. No entanto, essa quantidade geralmente não é alcançada, e a média gira em torno de 5 dias. Neste início de janeiro, o estoque vem se mantendo suficiente para apenas 3 dias.
“A gente nunca passou de 4 ou 5 dias. Hoje, nós temos um estoque para 3 dias. É preocupante. Sobretudo porque não sabemos se vai melhorar ou não”, apontou o médico.
Amorim afirma que a suspensão das cirurgias eletivas no município e no estado do Rio – feitas nos últimos dias pela Secretaria Estadual de Saúde e pela Secretaria Municipal de Saúde, em decorrência da Covid-19 – ajudarão a manter o estoque por um tempo maior, já que estas cirurgias são responsáveis por cerca de 30% do sangue doado ao Hemorio, que distribui bolsas de sangue para hospitais públicos da cidade.
“Essa suspensão ajuda enormemente, e vai contribuir para que esse estoque consiga se manter por um tempo maior. Vamos ter uma economia”, ponderou.
Funcionários com Covid-19
De acordo com o diretor-geral do instituto, a onda “avassaladora” da Ômicron no Rio tem prejudicado o Hemorio de diversas formas. No momento, o Hemorio tem uma taxa de 20% dos funcionários contaminados e, por esta razão, licenciados.
Quem pode doar
Para doar sangue, é preciso ter entre 16 e 69 anos, pesar no mínimo 50 kg, estar bem de saúde e portar um documento de identidade oficial com foto. Jovens com 16 e 17 anos só podem doar sangue com autorização dos pais ou responsáveis legais. Além disso, devem portar ainda um documento de identidade do responsável.
Não é necessário estar em jejum, apenas evitar alimentos gordurosos nas quatro horas que antecedem a doação e não ingerir bebidas alcoólicas 12 horas antes.
Os voluntários não podem ter tido hepatite após os 10 anos, nem estar expostos a doenças transmissíveis pelo sangue (sífilis, AIDS, hepatite e doença de Chagas). Mulheres grávidas ou amamentando e usuários de drogas não podem doar sangue.
Quem foi infectado pela Covid-19 pode doar após 30 dias do fim dos sintomas, e quem já recebeu a vacina pode doar após sete dias (48h em caso da Coronavac). Já para quem teve influenza, o prazo é de 15 dias. No entanto, caso a pessoa não saiba quando começaram os sintomas gripais ou não saiba se pode ou não ter sido Covid-19, o prazo adotado é o 30 dias.
Como doar
O ideal, no atual momento, é que, quem quiser doar no Hemorio, agende um horário através do número 0800-2820708. A ideia é evitar a formação de fila no local pelo risco de contaminação.
A situação também é crítica no Banco de Sangue Serum. De acordo com o Serum, a média de coletas diárias tem sido de 64 bolsas de sangue, unidade Centro, e 39, unidade Barra, quando o ideal deveria ser de 100 e 80, respectivamente configurando uma queda de 43% nas doações.
“O estado é crítico e pode comprometer o abastecimento aos hospitais que atendem pacientes internados em diversos tratamentos e que necessitam de transfusões de sangue”, ressalta, em nota.
Para doar ao Banco de Sangue Serum, a uma das duas unidades na cidade, entre 7h e 18h, qualquer dia da semana, incluindo sábados, domingos e feriados.