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Oito em cada 10 brasileiros querem mais mulheres na política, diz ONU

Elas, porém, representam somente 10% do Congresso. Pesquisa revela desejo do brasileiro de acabar com a desigualdade de gênero na política

atualizado

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Marielle Franco, vereadora do PSol morta a tiros em 14 de março de 2018
1 de 1 Marielle Franco, vereadora do PSol morta a tiros em 14 de março de 2018 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Pesquisa divulgada nesta sexta-feira (14/9) pelo Ibope em parceria com o órgão destinado a gênero da Organização Mundial das Nações Unidas, a ONU Mulheres, revela desejo do brasileiro de acabar com a desigualdade de gênero na política.

Oito em cada 10 entrevistados entendem que a presença de mulheres em espaços de poder e decisão aprimora a política. Entre as pessoas ouvidas pela ONU, 81% querem medidas federais de promoção à equidade. A pesquisa Ibope/ONU Mulheres Brasil 50-50 traz um inédito indicador do que pensa a opinião pública.

Foram realizadas 2.002 entrevistas com homens e mulheres de 16 anos ou mais em 141 municípios, entre 16 e 20 de agosto de 2018. O nível de confiança é de 95%, e a margem de erro é de 2 pontos percentuais.

Na Região Nordeste, o índice de pessoas que acreditam no poder da mulher em fazer a diferença nesses espaços sobe para 84%. E 70% dos entrevistados concordam que só existe democracia de fato com a presença delas nos lugares de poder e decisão.

Além disso, 77% avaliam que deveria ser obrigatório que os parlamentos em todos os níveis tivessem a mesma quantidade de homens e mulheres.

O estudo também aborda a percepção de brasileiras e brasileiros sobre como a presença de mulheres afeta o cumprimento de demandas da população e como pensam sobre saúde e educação.

82% consideram muito importante ter mais mulheres na política para assegurar o direito da população a transporte público de qualidade.

83% avaliam que o Governo Federal deve auxiliar os municípios para que aumentem o número de vagas em creches.

84% querem que o governo invista na redução do tempo para agendar exames e consultas e exames.

71% consideram que o Executivo federal deve incentivar e apoiar os municípios na ampliação da carga horária nas escolas, para que os alunos e as alunas estudem em tempo integral.

A promoção e ensino dos direitos humanos e das mulheres é necessária para 76% dos brasileiros e brasileiras. Entre quem vive na Região Nordeste, o índice sobe para 79%.

Percepções tão consolidadas e em patamares tão altos exigem respostas de agentes públicas e públicos

trecho do documento da ONU

Reflexo na realidade?
Os dados apontados pela ONU não se refletem na representatividade das mulheres na política brasileira. O sexo feminino representa 52,5% dos eleitores no país, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas ocupa apenas 10,5% do Congresso Nacional.

De um total de 192 países, o Brasil ocupa a 152ª posição no ranking de representatividade feminina na Câmara dos Deputados e Senado, ficando atrás de países como Senegal, Etiópia e Equador.

A culpa desse desequilíbrio, segundo a socióloga, especialista em pesquisa de opinião e fundadora do Instituto Patrícia Galvão, Fátima Pacheco Jordão é dos partidos políticos.

“Os partidos precisam de cotas para admitir mulheres em seus quadros, mas não dividem os recursos financeiros nem o tempo de televisão igualmente entre os gêneros”, avalia.

Com menos verba para fazer campanha e menos tempo de exposição nas principais vitrines, elas já iniciam a corrida eleitoral em desvantagem. “A culpa por termos poucas mulheres na política não é da opinião pública. É dos sistemas partidários que privilegiam quem já tem poder”, explica Jordão.

A sociedade está à frente do sistema partidário, o que torna a reforma política uma prioridade

Fátima Pacheco Jordão, socióloga

A  gerente de programas da ONU Mulheres, Ana Carolina Querino, ressalta que há um conjunto de elementos analisados em várias pesquisas que ajudam a entender esse contexto.

“Esperamos que as mudanças legislativas contribuam para mudar essa realidade, mas é necessária uma alteração de perspectiva institucional e dos partidos. São fatores que determinam a visibilidade das candidaturas femininas para que a população possa tê-las no rol de opções reais”, afirma.

Em 2018, serão 8,3 mil candidatas entre os 23 mil postulantes a cargos eletivos no Brasil. Espera-se os votos de 147,3 milhões de eleitores.

Ações
Para colaborar com esse cenário de mudança na direção da paridade de gênero, a ONU Mulheres lança, nesta sexta-feira (14/9), a plataforma digital Brasil 50-50 durante o processo eleitoral para incentivar o compromisso público de candidatos e candidatas com os direitos das mulheres e as políticas para a igualdade de gênero.

Brasil 50-50: Todas e todos pela igualdade é uma iniciativa liderada pela ONU Mulheres que visa conectar as candidaturas às eleições de 2018 com os anseios da população por mais mulheres no poder e mais políticas para as mulheres.

O projeto se referencia no Marco Normativo para Consolidar a Democracia Paritária do Parlamento Latino-americano (Parlatino), cujas medidas, se adotadas, transformarão positivamente a vida das mulheres e meninas, e representarão passos concretos para o cumprimento dos principais compromissos internacionais assinados pelo Brasil e o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

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