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“O sigilo é para proteção da sociedade”, diz Uip sobre cloroquina

Uip foi questionado pelo presidente Jair Bolsonaro sobre a utilização do medicamento que tem sido utilizado em pacientes com a doença

atualizado

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O infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, voltou a rebater as críticas sobre sua decisão de não revelar se fez ou não o uso de cloroquina em seu tratamento contra o novo coronavírus e afirmou que sigilo é para proteger a sociedade.

Uip foi questionado pelo presidente Jair Bolsonaro sobre a utilização do medicamento que tem sido utilizado em pacientes com a doença, mas que ainda não foi validado cientificamente com forma de combater o vírus, e passou a ser alvo de ataques virtuais.

A afirmação foi dada, na manhã desta quinta-feira (09/04), em uma apresentação virtual sobre a doença que o infectologista fez a empresários, onde também relatou sua experiência sobre a infecção.

“Fiquei no limite entre ser internado ou não. Daí, vem a polêmica: como você foi tratado? Em hipótese alguma, eticamente, eu posso falar. Seja lá qual for a minha resposta, causa um grande dano para a sociedade. É que, qualquer coisa que eu fale neste momento, cria uma ida ou não ida que ninguém controla. Esse sigilo que eu me impus e impus que as pessoas respeitassem é para proteção da sociedade. Se eu falo que tomei um determinado medicamento, seja lá qual for, vai haver uma corrida às farmácias porque eu estou vivo. Se eu falo que não tomei, eu desacredito as pessoas que acreditam. Sigilo não foi falta de transparência, foi preservação da sociedade.”

Politização
O infectologista criticou a politização da discussão e afirmou que foi “vítima de um massacre na internet”. Ele disse que não se opõe aos testes com a substância. “Tenho um inimigo, que é o vírus. A cloroquina é uma perspectiva, porque não tem qualquer trabalho com evidências científicas que conclua se ela é efetiva ou não. Eu nunca me pus contra, desde que o médico prescreva e que se saiba dos efeitos colaterais para o coração, visão, sistema de coagulação e hepático.”

O médico não quis comentar a possibilidade de redução do isolamento social em regiões que não tiveram comprometimento em mais do que metade da capacidade de atendimento a partir do próximo dia 13, uma proposta do governo federal. Mas demonstrou preocupação com o avanço da doença.

“Estamos no ponto crescente de uma curva que vai se estabilizar, mas ainda não sabemos se estamos enfrentando o Everest ou uma montanha menos íngreme. Havia uma perspectiva de curva para baixo, mas estamos em uma tendência de ascensão.”

Ainda de acordo com Uip, a desmobilização do isolamento social durante a quarentena é uma realidade em São Paulo. “Há quatro grupos de epidemiologistas estudando essa movimentação e geolocalização. O distanciamento social evitou que o número de infectados fosse dez vezes maior. Se isso não fosse feito, em maio, estaríamos com os hospitais sobrecarregados. Temos as informações de 80 milhões de celulares e sabemos onde está a movimentação. O índice de distanciamento está em 52% e atingimos o pico de 56%. Temos de chegar a 70%. E a área metropolitana está mais envolvida do que o interior”, afirmou.

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