O que se sabe sobre o triplo homicídio de médicos em quiosque no Rio
Os médicos Daniel, Marcos, Diego e Perseu foram baleados no Rio de Janeiro na madrugada dessa quinta-feira (5/10). Três morreram
atualizado
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Os médicos Diego Ralf Bomfim, Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida foram executados na orla da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, na madrugada dessa quinta-feira (5/10). Um quarto profissional, Daniel Sonnewend Proença, se encontra em estado grave no hospital, vítima do mesmo ataque. O Metrópoles separou o que já se sabe sobre o caso e o que ainda precisa ser esclarecido pelas autoridades.
Uma câmera de segurança registrou o momento em que três homens armados desceram de um carro branco e atiraram contra os médicos. Nas imagens, é possível ver o momento em que testemunhas saem correndo do quiosque. Os médicos Diego, Marcos e Perseu não resistiram aos ferimentos.
Veja:
O grupo estava no Quiosque do Naná, entre os postos 3 e 4 e em frente ao Hotel Windsor, onde os médicos estavam hospedados para participarem de um congresso internacional de ortopedia.
No fim da noite dessa quinta-feira (5/10), a polícia encontrou quatro corpos. Segundo informações do setor de inteligência do órgão, dois seriam de suspeitos de executar os três médicos. Os corpos seriam de Philip Motta, o Lesk, ex-integrante da milícia Gardênia Azul e membro do Comando Vermelho, e Ryan Nunes de Almeida, que integrava o grupo liderado por Lesk.
Investigação
A Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ) segue a linha de investigação de que o médico Perseu Ribeiro Almeida teria sido confundido com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho do Dalmir Pereira Barbosa, apontado como chefe da milícia de Rio das Pedras.
O miliciano estava preso desde 2020, quando foi alvo de uma investigação sobre a atuação de milícias em bairros da Zona Oeste carioca, e deixou a cadeia em 22 de setembro deste ano. O criminoso mora nas proximidades do quiosque e seria o verdadeiro alvo da execução.
O grupo de Taillon estaria em guerra com o Comando Vermelho pelo controle de bairros da região. Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), o criminoso seria responsável pelo transporte alternativo de vans e mototáxi, além de serviços básicos, como fornecimento de água, gás e TV a cabo em Rio das Pedras.
Em um grampo da PCRJ, uma das principais provas da investigação, é possível ouvir a conversa entre traficantes sobre a execução de Taillon, que supostamente estaria no Quiosque da Naná.
Na gravação um homem diz: “Acho que é Posto 2, v…”. Ouça:
O áudio foi divulgado inicialmente pelo portal G1, e a história foi confirmada pela reportagem do Metrópoles.
Informações preliminares indicam que o homem que fala no áudio seria o traficante Juan Breno Malta, mais conhecido como BMW, braço-direito de Philip Motta, o Lesk, ex-integrante da milícia Gardênia Azul e, agora, membro do Comando Vermelho.
Na conversa, interceptada pelos investigadores, o traficante tentava localizar o quiosque onde supostamente o miliciano estaria. No local do crime, a perícia recolheu 33 estojos de pistola calibre 9 milímetros.
Quem são os médicos vítimas da execução
Os médicos estavam no Rio de Janeiro para participar de um congresso internacional de ortopedia. Uma das vítimas era da Bahia, e as outras três, de São Paulo.
Perseu Ribeiro Almeida era especialista em cirurgia do pé e tornozelo e morava em Jequié, no sudoeste da Bahia. Ele completou 33 anos nessa terça-feira (3/10).
Diego Ralf Bomfim, 35, era irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSol-SP). Ele era especialista em reconstrução óssea. O médico chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Lourenço Jorge, mas não resistiu aos ferimentos.
Marcos de Andrade Corsato, 62, trabalhava no Instituto de Ortopedia e Traumatologia, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O médico morreu na hora.
Daniel Sonnewend Proença, 32, é especialista em cirurgia ortopédica. Ele foi encaminhado Hospital Municipal Lourenço Jorge com pelo menos três tiros e, depois, transferido para uma unidade particular.
Apesar dos disparos, a Polícia Civil ainda não identificou os autores dos disparos e quem teria mandado executar o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, supostamente confundido com o médico Perseu.