O que se sabe do caso de idosa morta com machadinha dentro da igreja
Homem que atacou idosa não tinha antecedentes criminais e disse que decidiu por homicídio porque vítima “tirou sarro dele”. Caso foi em GO
atualizado
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Goiânia – Um crime bárbaro chocou a população da pequena Santa Terezinha, cidade de menos de 10 mil habitantes no norte de Goiás. Uma mulher de 60 anos foi assassinada com uma machadinha enquanto rezava esta semana dentro da principal igreja católica do município. O corpo foi encontrado ainda de joelhos.
O assassino confesso é um morador da cidade de 25 anos e sem antecedentes criminais. Ele mesmo pediu para chamar a polícia após o crime e disse estar arrependido. Veja tudo o que se sabe sobre este caso.
Maria Elizabeth Castro de Oliveira foi morta com golpes de machadinha no crânio, enquanto rezava ajoelhada no santíssimo, dentro da Paróquia Santa Terezinha. O santíssimo é um local especial dentro do templo católico, onde fica o sacrário, contendo a hóstia.
O criminoso atacou a idosa por volta das 18h de quarta-feira (20/4), quando tinha acabado de entrar no templo para rezar.
Mãos ensanguentadas
A primeira pessoa a saber do homicídio foi o comerciante Zenildo Navarro de Oliveira, 41. Ele estava em sua loja de importados, como sempre fica, já perto do final do expediente, quando foi surpreendido por Yuri Ribeiro de Brito. O jovem estava em uma bicicleta com uma bolsa do tipo pasta da cor preta.
O comerciante contou que Yuri chegou dizendo para ligar para a polícia, pois tinha acabado de matar uma mulher. Inicialmente, Zenildo não acreditou, mas logo observou que Yuri estava com as mãos sujas de sangue. Para completar, o jovem abriu a sua bolsa e revelou a machadinha suja de sangue. O comerciante ligou para a PM imediatamente.
Zenildo conhece Yuri desde criança. O comerciante disse para a polícia que o jovem nunca teve comportamento agressivo na frente dele e não sabe dizer se ele tinha algum histórico de doença mental.
O comerciante disse ainda que Yuri teria dito que matou a idosa de forma aleatória, pois teria tido um surto, e ela foi a primeira pessoa a entrar na igreja. O homicídio teria sido cometido com dois golpes na cabeça.
Cena do crime
O sargento José Maria Pio da Silva, 46, foi um dos policiais militares que prenderam Yuri. Ele descreveu que, quando chegou, a vítima estava próxima do santíssimo, aparentemente sem vida, com grandes lesões na cabeça.
Ao Metrópoles, o sargento relatou que “a vítima estava morta de joelhos, na mesma posição em que estava rezando, o corpo ficou sustentado no banco”.
Paulo Vitor, médico do Hospital Municipal de Santa Terezinha, foi chamado pelos militares e constatou o óbito de Maria Elizabeth.
Dia comum
O que se passou na cabeça de Yuri para cometer um crime tão brutal ainda é um mistério, mas ele revelou o que fez em interrogatório para a Polícia Civil. O homem disse que se arrepende do crime e que quer ajudar na investigação. Além disso, ele teria demonstrado frieza e tranquilidade.
Yuri, conhecido pelo apelido de Tirizeu, mora com a irmã e a mãe. Ele não tem ocupação e nunca foi internado ou preso. Além disso, afirmou não ter vícios, tendo o costume de frequentar pontos comerciais, supermercados e farmácias da cidade. O jovem também disse não conhecer Maria Elizabeth, a mulher que matou.
Horas antes do crime, Tirizeu saiu de casa com o objetivo de tomar um banho no Rio Crixás, em um ponto conhecido como Porto do Chiqueiro, mas teria mudado de ideia porque havia duas pessoas pescando e ele não queria atrapalhar a captura dos peixes.
Andava armado
O jovem então foi até a Paróquia Santa Terezinha e ficou sentado no banco da igreja, próximo do santíssimo.
Enquanto estava ali, uma mulher à esquerda, que seria Maria Elizabeth, teria “segurado o sorriso” ao ver o jovem. Para ele, a vítima teria “tirado sarro”. Em seguida, quando Yuri decidiu sair da igreja, a mulher teria sorrido dele.
Segundo o interrogatório, o jovem se aproximou da mulher pelas costas e deu um primeiro golpe de machadinha na cabeça dela. Na versão dele, ela teria caído desacordada. Ele então deu mais uma ou duas machadadas depois, disse não se lembrar o número exato.
Ao ser indagado pelos policiais sobre o motivo de andar com uma machadinha na bolsa, o homem disse que fazia isso para se proteger, pois teria sido assaltado há oito anos. Além da machadinha, dentro da bolsa havia uma faca grande, um telefone celular sem chip e um HD externo.
Sem palavras
O Metrópoles entrou em contato com a mãe de Yuri para tentar localizar a defesa do jovem. Em mensagem no WhatsApp, ela disse que o filho ainda não tem advogado, mas que ele se manifestará quando for contratado. Ela também lamentou a situação que o filho se envolveu.
“Estou vivendo um momento muito triste e doloroso, ainda estou em choque e sem palavras”, escreveu.
A reportagem tentou contato com a delegacia de Santa Terezinha e Crixás para falar com o delegado responsável pelo caso, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. A prisão em flagrante do jovem foi convertida em preventiva nessa quinta (21/4).
Pastora assassinada
Este não é o primeiro caso de homicídio dentro de um templo religioso em Goiás este ano. Em 14 de janeiro, a pastora Odete Rosalina Machado da Costa, de 79 anos, foi morta a golpes de uma barra metálica enquanto orava de madrugada dentro de uma igreja evangélica em Goiânia. Ela era mãe mãe do cantor gospel e ganhador do Grammy Latino Melhor Álbum de Música Cristã em Língua Portuguesa de 2019, Delino Marçal.
O autor do crime foi o jovem Matheus Macaubas Lima Santos, de 22 anos. Ele estava completamente nu e em aparente surto no momento em que atacou a pastora e um fiel que estava em oração junto com ela. Apenas a mulher foi ferida. Esta semana, o laudo da junta médica do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) considerou que o jovem tem transtorno mental e é “plenamente incapaz de entender e determinar-se”.