metropoles.com

O que pode acontecer com Mauro Cid e investigações após nova prisão

Acusado de descumprimento das medidas cautelares e obstrução à Justiça, o tenente-coronel Mauro Cid foi preso após depoimento no STF

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Vinícius Schmidt/Metrópoles
Bolsonaro Mauro Cid
1 de 1 Bolsonaro Mauro Cid - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Peça-chave nas investigações que apuram o envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de pessoas próximas a ele em suposta tentativa de golpe de Estado e na falsificação de certificados de vacina, Mauro Cid retornou à prisão. Após o vazamento de áudios em que colocava em dúvida sua delação premiada, o tenente-coronel foi convocado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para prestar esclarecimentos. Cid negou que tenha mentido na delação, mas saiu preso.

O Supremo, em nota, esclareceu que o ex-ajudante de ordens teve prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, sob acusação de descumprimento das medidas cautelares e obstrução à Justiça. Nessa sexta-feira (22/3), Cid passou por audiência com um juiz instrutor, na presença de sua defesa e de um representante da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A audiência ocorreu horas após a publicação de reportagem da revista Veja com áudios em que o tenente-coronel fazia acusações contra a Polícia Federal (PF) e Moraes a um interlocutor não identificado. No material consta, por exemplo, uma fala em que ele indica ter sido coagido pela corporação durante os depoimentos.

O imbróglio, segundo especialistas consultados pelo Metrópoles, compromete os termos negociados por Cid com a Polícia Federal para garantir a liberdade. “A primeira implicação, com toda certeza, é a própria prisão, o que já é um prejuízo enorme para ele”, explica Rafael Valentini, advogado criminalista e especialista em processo penal.

Embora a decisão do ministro ainda não tenha sido tornada pública, o advogado considera que, se Moraes entender que Cid atuou para obstruir as investigações também durante os depoimentos aos investigadores, o conteúdo da delação pode ser considerado “viciado”.

“Outra implicação é que, possivelmente, ele também será investigado e processado pelo crime de obstrução de Justiça, previsto na lei de organizações criminosas”, explica o jurista. Vale lembrar que, entre os argumentos para a prisão, Moraes destacou “descumprimento das medidas cautelares e obstrução à Justiça”.

“A impressão que dá é que justamente os áudios justificaram a prisão. Aquilo que é falado nos áudios pelo Mauro Cid, apesar de ser um conteúdo bastante ácido e duro, não me parece que seja uma obstrução de Justiça, então talvez tenha alguma coisa a mais”, avalia Valentini. “Ou Moraes foi muito rigoroso, para dizer o mínimo, ou então há alguma coisa que a gente não saiba ainda”.

Obstrução de Justiça

O advogado criminalista Oberdan Costa informou que, nessas falas, o tenente-coronel Mauro Cid frustra um dos requisitos das colaborações premiadas. Isso porque, enquanto elas estão em curso, existe um compromisso de guardar o sigilo das tratativas.

“Se a colaboração premiada contribui com uma investigação sigilosa, não tem sentido uma pessoa que está ajudando dar com a língua nos dentes para terceiros”, destaca. O advogado considera que, com essa quebra de sigilo, ele deu causa para a rescisão da colaboração premiada. Além disso, a depender de quem seria o interlocutor, ele poderia incorrer no crime de obstrução à Justiça.

“Tudo que ele deu para a acusação, para negociar esses benefícios, a acusação vai poder usar, inclusive em desfavor dele, e ele perde os benefícios”, explica. “Como ele foi quem frustrou esse contrato [com a Polícia Federal], ele quem perde.”

Áudios acusatórios

Em um dos áudios revelados pela revista Veja, Mauro Cid afirma que os investigadores queriam que ele falasse “coisas que não aconteceram”. “Eles não aceitavam e discutiam que a minha versão não era verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo. Eles já estão com a narrativa pronta e não queriam saber a verdade”, disse Cid a um interlocutor de seu círculo próximo.

“O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende e solta quando ele quiser… Com ministério público, sem ministério público… Com acusação, sem acusação”, disse Cid. Em outro trecho, ele ainda acusou Moraes de já ter uma decisão pronta.

Após a divulgação, a defesa de Cid afirmou que em nenhum momento ele coloca em xeque a independência, funcionalidade e honestidade da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República ou do STF na condução dos inquéritos em que é investigado e colaborador. “Seus defensores não subscrevem o conteúdo de seus áudios”, completou.

Em depoimento nessa sexta, Cid confirmou ao juiz instrutor que as declarações prestadas à PF e que embasaram a delação ocorreram de forma espontânea e voluntária.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?