O que explica os dois ataques de tubarão em Ubatuba (SP) após 32 anos
Especialista em oceanografia analisa possíveis causas de casos com tubarões ocorridos em menos de um mês no litoral paulista
atualizado
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Rio de Janeiro – Neste mês, dois incidentes envolvendo tubarões foram registrados no litoral de São Paulo, especificamente na região de Ubatuba. As vítimas tiveram apenas ferimentos leves na perna, no entanto a questão gerou alarde entre banhistas.
Para entender por que casos como estes estão mais frequentes, já que não havia registros do tipo nessa área há 32 anos – de acordo com o Instituto Argonauta -, o Metrópoles conversou com o oceanógrafo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) David Zee.
Para ele, existem três hipóteses. Primeiramente, se observarmos ambos os ocorridos em Ubatuba, é possível perceber um ponto em comum: aconteceram em períodos de feriado prolongado.
“A quantidade de pessoas indo à praia é cada vez maior em cidades costeiras, principalmente nos municípios de veraneio”, reflete Zee. “O animal já estava lá, só que agora a probabilidade do contato é maior, porque há mais gente dentro d’água”.
Uma outra possibilidade se relaciona às características locais. Segundo ele, espaços onde existem berçários destes peixes e pastejo – ou seja, caça – devem ser analisados com cuidado.
Zee aponta também que questões climáticas influenciam no aparecimento dos bichos em beiras de praia. “O clima pode mudar de uma hora para a outra e arrastar organismos para estes ambientes, o que atrai o tubarão. Além disso, existem praias que sofrem erosão e formam uma declividade. Tubarões dificilmente aparecem em águas planas ou rasas”, explica.
Os casos
Em 3 de novembro, um turista francês foi atacado por um tubarão na Praia de Lambeiro, em Ubatuba. Segundo o Instituto Argonauta, foi possível identificar que a mordida veio do animal por meio de imagens dos ferimentos.
Nesta semana, no último dia 14, uma senhora de 79 anos também foi mordida, desta vez na Praia Grande de Ubatuba. Especialista em tubarões da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Otto Bismarck Gadig concluiu, por fotos, que a dentição só poderia ser de um tubarão-tigre ou cabeça-chata, ambos de porte médio e presentes em águas paulistas.
A idosa teve um ferimento de cerca de 25 centímetros na perna, mas passa bem. Para evitar maior alarde, experts afirmam que não é necessário ter medo das águas de São Paulo e que, até o momento, não se pode afirmar a existência de uma anomalia.