O que era Comando de Caça aos Comunistas, sigla pichada na sede do PDT
Organização foi responsável por diversos ataques e episódios de tortura
atualizado
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Criado em 1964, o Comando de Caça aos Comunistas (CCC) se tornou assunto novamente nesse domingo (29/8), após a sigla da entidade ser pichada na sede do PDT. Para o presidente do partido, Carlos Lupi, a depredação foi uma intimidação.
O CCC surgiu oficialmente em 1964, quando participou ativamente do movimento que depôs o presidente João Goulart e instaurou o Golpe Militar. A organização paramilitar e de extrema direita era formada por estudantes da Mackenzie e da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.
Policiais do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) também faziam parte do grupo.
Depois de quatro anos, em 1968, o CCC anunciou, em carta ao governador paulista Roberto Abreu Sodré, que voltaria a agir, pois considerava que o governo estava sendo ineficaz no combate ao comunismo. Nesse mesmo ano, o grupo atacou os estudantes da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), considerado antro da esquerda na época, com tiros, ácido sulfúrico e coquetéis molotov. Um estudante foi morto.
Em reportagem da revista extinta O Cruzeiro, Boris Casoy foi acusado de ter sido um dos reposáveis do CCC pelo ataque. O jornalista, no entanto, nega algum dia ter feito parte do grupo.
Mais ataques
A organização também foi responsável por, entre outros, dois ataques a teatros onde o espetáculo Roda Viva, de Chico Buarque, era apresentado. A peça é considerada uma obra de resistência ao regime militar.
No início dos anos 1970, o grupo não teve ações oficiais. Até que, em 1975, voltou a agir após a reação dos movimentos de resistência ao regime militar pela morte do jornalista Vladimir Herzog, que aconteceu nas dependências do Departamento de Operações Internas-Comando de Operações para a Defesa Interna (DOI-CODI) do II Exército, em São Paulo.
Apesar de diversos ataques comprovados a jornais e diretórios acadêmicos, nenhum integrante do CCC foi preso.
No final da década de 1970, a organização passou a atuar contra entidades de defesa da anistia e membros da Igreja que tinham discurso considerados de esquerda. O bispo Adrino Hopólito, por exemplo, foi agredido e deixado nu, pintado de vermelho, em um matagal em Jacarepaguá.
Em outra ocasião, um padre que celebrou a missa de um estudante morto pelo CCC foi encontrado pendurado de cabeça para baixo em uma árvore, com sinais de tortura.
Progressivamente, o grupo cessou suas atividades, mas conta com simpatizantes pelo país.