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O que é a síndrome da criança cujo caso suspendeu vacinação em SP

Menina com síndrome de Wolff-Parkinson-White teve parada cardíaca após imunização da Covid; especialistas descartaram relação com a vacina

atualizado

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Aline Massuca/ Metrópoles
Campanha de vacinação de crianças contra Covid no Rio
1 de 1 Campanha de vacinação de crianças contra Covid no Rio - Foto: Aline Massuca/ Metrópoles

São Paulo – Rara, a síndrome de Wolff-Parkinson-White foi apontada como o motivo da arritmia, do desmaio e da parada cardiorrespiratória sofridos por uma menina de 10 anos, em Lençóis Paulista, no interior de São Paulo, cerca de 12 horas depois de tomar a primeira dose da vacina pediátrica da Pfizer contra o coronavírus.

Análise de especialistas independentes e técnicos das vigilâncias sanitárias descartou qualquer relação entre a vacina e a parada cardíaca da criança.

Essa síndrome já motivou atendimentos clínicos do cardiologista Roberto de Castro Meirelles de Almeida, chefe da Câmara Técnica de Cardiologia do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) e presidente do corpo clínico do Instituto Nacional de Cardiologia.

“A maioria das pessoas não sabe que tem a síndrome de Wolf-Parkinson-White. Às vezes, só aparece quando a pessoa passa mal, em um episódio de taquicardia, que é investigado mais a fundo”, explicou Almeida.

Um estudo publicado em 2010, realizado na Universidade de Coimbra, estimou que a doença atingia de 0,01% a 0,31% da população geral.

“A pessoa já nasce com ela. Para detectar, um eletrocardiograma normal pode mostrar alterações típicas dessa síndrome. É uma condição que pode ser curável”, explicou o cardiologista.

A síndrome de Wolf-Parkinson-White é notada quando o organismo da pessoa possui feixes anômalos de tecido condutor, nas vias acessórias. Em algumas condições, esse tecido pode contornar o sistema normal do coração e acabar motivando arritmias e eventualmente até uma parada cardíaca.

Embora tenha sido descartada pelos especialistas da Vigilância Sanitária de São Paulo e pelo Governo de São Paulo qualquer relação entre a síndrome e a vacina contra o coronavírus, Almeida avalia que o caso da menina de Lençóis Paulista precisa ser bem estudado.

“Claro que continuamos recomendando vacinação a todas as crianças, mas o caso dela deve ser bem acompanhado. Pode ser uma coincidência homérica que a síndrome fosse se manifestar logo nesse dia. Mas a vacina gera reação imunológica em todos os organismos. A maioria das pessoas não tem nada, mas às vezes uma pessoa com doença de base pode sofrer essa reação”, acrescentou.

O cardiologista destaca que mesmo reações adversas e raras já conhecidas da vacina, como a trombose, a miocardite e a pericardite, são muito menos frequentes entre quem tomou o imunizante do que entre quem contraiu a doença.

“Estudos mostram que é muito mais raro ter trombose ou miocardite em quem toma vacina do que ter pelo próprio coronavírus, então o benefício da vacina é maior”, afirmou.

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