O plano econômico não-liberal e “pragmático” de Lula-Alckmin
Para a assessoria do PT, essa discussão é “mero academicismo” e que o projeto atende ao “que o Brasil precisa”
atualizado
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O candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é corriqueiramente cobrado sobre “responsabilidade fiscal” que atenda ao empresariado e ao mercado financeiro em troca de apoio. Porém, na última segunda-feira (3/10), Guilherme Boulos disse que um eventual governo Lula-Alckmin não terá “ideias econômicas liberais”.
A sinalização a tal responsabilidade começou com a escolha de Geraldo Alckmin (PSB) como vice na chapa. O ex-governador de São Paulo é ligado a empresários. Porém, em entrevista ao Roda Viva na segunda-feira (3/10), Guilherme Boulos, deputado federal eleito por São Paulo, disse que a imagem de Alckmin é uma “isca” ao centro. “Alckmin foi posto como expressão de uma frente democrática anti-Bolsonaro. Em nenhum momento, as ideias liberais foram incorporadas”, disse.
O plano de governo de Lula cita uma nova reforma trabalhista, em resposta a implementada por Michel Temer, “revogando os marcos regressivos da atual legislação trabalhista”. Paulinho da Força já havia dito que Alckmin deverá coordenar a nova reforma, dialogando com a sociedade patronal e sindical.
No documento do PT disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ainda fala em criar um ambiente para a geração de emprego e renda, retomada de investimentos em infraestrutura, em habitação e reindustrialização. Fora isso, o comércio e os serviços deverão ser aquecidos pela valorização do salário minímo, hoje em R$ 1.212,00.
Para a equipe econômica de Lula, as discussões se o plano é liberal ou desenvolvimentista são meros academicismo, sendo este um projeto “pragmático” que atende à realidade do país. “O plano atende ao que o Brasil precisa. Aumento do salário mínimo, diminuição do endividamento, incentivo à industrialização e economia mais verde”, disse um integrante da assessoria econômica do PT em caráter reservado ao Metrópoles. “[Geraldo] Alckmin é uma peça fundamental e está ativo na campanha e se Lula vencer, estará depois”, completou.
O que dizem os especialistas?
O cientista político André Rosa afirmou a união entre Lula e Alckmin não são o suficiente para conter a possibilidade de apoio a Jair Bolsonaro (PL) devido à agenda de Paulo Guedes e ponderou: “O perfil do [Guido] Mantega não corresponde a essa matriz econômica, sendo mais voltada ao próprio Henrique Meirelles” disse.
O professor e colaborador da Fipecafi Projetos, Diogo Carneiro, disse que no cenário atual exigirá uma política menos restritiva do que a implementada durante os primeiros anos de Lula como presidente – à época, Antonio Palocci era Ministro da Fazenda. “Creio que haverá mais gastos voltados ao lado social do que ao desenvolvimentismo, mas com alguma cautela para não deixar espantar o mercado”.