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“O discurso negacionista não se sustenta mais”, diz Maria Homem

Para a psicanalista e pesquisadora da USP, “a ignorância também é uma paixão”, mas a realidade é “inexorável”

atualizado

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1 de 1 psicanalista Maria Homem - Foto: Divulgação

São Paulo – A segunda onda da pandemia de coronavírus trouxe entre suas particularidades a capacidade de fazer com que pessoas conhecidas por serem negacionistas passassem a defender medidas de combate à Covid-19. Para a psicanalista e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) Maria Homem, esse tipo de comportamento mostra que a realidade é inexorável.

“A gente tem menos desconhecimento. Os discursos mais negacionistas não estão conseguindo mais se sustentar nessa medida. A gente viu o presidente [Jair Bolsonaro] recentemente de máscara. Ele vinha de uma posição de negar a realidade, de não se proteger e não proteger o outro”, disse, em entrevista ao Metrópoles.

A psicanalista cita a troca de ministro da Saúde como outro exemplo de ruína do discurso negacionista. “Nessa troca, a gente diz que não estavam funcionando todas as estratégias que recusavam o que a gente poderia começar a saber. Por quê? Porque agora a gente sabe. Um ano depois a gente conhece mais.”

Maria Homem, que é um sucesso nas redes sociais, com mais de 160 mil seguidores no Instagram e no YouTube, acrescenta ainda que muito se fala em amor e ódio, mas esquecem que a ignorância também é uma paixão do humano.

“A gente tem uma vontade desesperada de não saber, a gente dá um boi para não saber. Por isso que quando você vai lá e fura essa paixão, fura a bolha gigantesca dessa ignorância, você recebe ou o amor ou o ódio”, explica.

O jeito como as pessoas lidam quando saem da ignorância, na avaliação da psicanalista, demonstra a maturidade delas. E, para ela, a realidade sempre vence.

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Bolsonaro aparece em ato pró-governo
O presidente desceu a rampa do Palácio do Planalto e acenou para apoiadores
Manifestantes pró-Bolsonaro se reúnem na Esplanada
Participantes não poupam críticas ao ex-ministro Sergio Moro
Ato em defesa de Bolsonaro reúne manifestantes na Esplanada
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Manifestantes pedem "intervenção militar com Bolsonaro"

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Manifestantes fazem ato pró-governo de Jair Bolsonaro

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Carreata em apoio ao presidente Jair Bolsonaro

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Carreata pró-Bolsonaro na Esplanada

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Manifestantes participam de ato em apoio a Bolsonaro

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“Quanto mais passa o tempo, menos você consegue se refugiar na sua fantasia, porque a realidade é inexorável. Você pode ficar 200 anos jogando as melhores cabeças na fogueira, mas um dia fica claro que a Terra não é o centro do universo, vou ter que mudar o meu sistema cognitivo. A realidade se impõe. Você tem mortes, adoecimento, sequelas. Por mais que você tente esconder, existe.”

Preservação do vírus e pacto social

A postura perante o vírus também revela o sentimento das pessoas, segundo a psicanalista. Ela destaca que a sociedade não fez o que deveria ter feito. “Com a recusa do confinamento, a gente multiplica o tempo de isolamento. É muito curioso, mas a gente está aumentando a possibilidade de o vírus espraiar e mutar, logo aumenta nosso tempo em companhia dele [o vírus]”, diz.

“A gente ama e odeia o vírus, a gente quer e não quer destruí-lo, porque a gente faz coisas que o mantém vivo”, acrescenta.

Apesar do atual cenário catastrófico, para o futuro, a psicanalista vê um pacto social moderno em andamento. “A gente vai combinar que todos são iguais e que não pode destruir o outro. Não pode matar, não pode torturar, não pode usar a força para assediar, não pode violentar e o forte não pode destruir ou violentar sobre qualquer maneira o fraco.”

Para o indivíduo, ela sugere uma reflexão: descobrir a sua demanda e como você lida com o que vem do outro. E dá uma dica: “Você pode recusar a demanda do outro. Você tem esse direito. Não é porque alguém te pediu, te perguntou, porque fez ‘plim’ [notificação do celular], que você tem que responder. (…) Se a gente conseguisse chegar nesse lugar, o mundo seria outro. O Brasil seria outro.”

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