Número de prefeitos tentando se reeleger em 2020 é o segundo maior da história
O pleito deste ano só fica atrás de 2008, quando 80,14% dos mandatários municipais com possibilidade de um novo mandato buscaram a reeleição
atualizado
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As eleições municipais de 2020 serão um teste para os mais de 3,8 mil prefeitos que buscam a reeleição. Mesmo surpreendidos pela pandemia do coronavírus no último ano de governo, período tradicionalmente destinado a ações que visam a aumentar as chances de recondução ao cargo, 76,9% dos 4.398 mandatários em primeiro mandato se lançaram na disputa.
Esse é o segundo maior contigente relativo desde que a reeleição é permitida no Brasil, ficando atrás apenas de 2008, quando 80,1% do total tentou a recondução. Os dados são da Confederação Nacional de Municípios (CNM), com base nas informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Eles foram analisados pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles.
O gráfico a seguir mostra a quantidade de prefeitos em primeiro mandato por eleição desde 2000 e quantos poderiam buscar a reeleição.
Apesar de muitos prefeitos tentarem a reeleição, estar no controle da máquina local não é certeza de conseguir se reeleger. A média até 2016 era de cerca de 60% dos que disputavam conseguindo um segundo mandato. Esse número diminuiu para 50% nas últimas eleições municipais .
“Houve uma mudança do eleitor, por conta da crise, que é bastante grande nos municípios, houve uma grande renovação dos prefeitos na eleição de 2016″, apontou o consultor da CNM, Eduardo Straz. Essa mudança aconteceu, entre outros, na esteira do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Um exemplo do impacto que isso teve nas eleições municipais foi a derrota de Fernando Haddad (PT) para a prefeitura de São Paulo.
A incerteza continua em 2020, dessa vez por conta da pandemia do coronavírus. “Agora, a situação está muito incerta. Na situação normal, os atuais gestores estavam com tudo planejado para no último ano de mandato tentar se reeleger ou eleger um companheiro e isso tudo foi bagunçado. Não existe mais um ambiente normal”, resumiu ele.
Além de serem julgados pelas atitudes tomadas durante a pandemia, os prefeitos e seus concorrentes também precisarão encontrar novas formas de fazer campanha, visto que aglomerações ainda são desaconselhadas pelas autoridades sanitárias.
“A população vai avaliar isso, a última impressão é a que fica. Vai ser o grande fator na mente do eleitor”, resumiu Straz. A situação dos prefeitos das duas maiores cidades do país retratam bem a dificuldade enfrentada para se reeleger.
Situação no país
No Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos) está terminando seu primeiro mandato e enfrenta uma luta dupla para tentar se reeleger. Ele precisa resolver os problemas na Justiça, que decidiu pela impossibilidade da sua candidatura, e melhorar nas pesquisas. Atualmente, ele está em segundo lugar nas pesquisas, empatado com outros dois candidatos e distante do líder, o ex-prefeito Eduardo Paes (MDB-RJ).
Em São Paulo, o prefeito Bruno Covas (PSDB) está tecnicamente empatado com o deputado federal Celso Russomano (Republicanos), apesar da diferença entre os dois ser de seis pontos percentuais, segundo a última pesquisa realizada pelo Ibope.
Já em Belo Horizonte o prefeito Eduardo Kalil (PSD) deve ter bem menos problemas. Na pesquisa realizada pelo DataTempo/Quest, entre 30 de setembro e 2 de outubro, ele apareceu com 53% das intenções de voto, o que garantiria uma vitória ainda em primeiro turno.
Uma capital tem um prefeito que poderia tentar a reeleição, mas preferiu não fazê-lo. É o caso de Iris Rezende (MDB). Ele poderia tentar se eleger para mais uma gestão à frente de Goiânia, mas decidiu se retirar da vida pública após o fim de 2020.