Novos registros de armas de fogo crescem 97,1% em 2020, diz anuário
No total, 2.077.126 armas de fogo estão legalmente nas mãos de civis. Dados foram publicados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública
atualizado
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O número de novas armas de fogo registradas no país quase dobrou apenas no último ano. Em 2019, foram registradas 94.416 no Sistema Nacional de Armas (Sinarm) da Polícia Federal (PF). Já em 2020, a quantidade saltou para 186.071, variação de 97,1% no período.
Com isso, há no Brasil 1.279.491 registros de armas de fogo ativos no Sinarm. Em 2017, eram 637.972 — alta de 100,7% em três anos.
Considerando também os números do Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (Sigma), do Exército Brasileiro (EB), isso significa que existem 2.077.126 armas de fogo em mãos de civis, o equivalente a uma para cada 100 brasileiros. O número inclui categorias especiais de atirador desportivo, caçador e colecionador (CACs) e armas pessoais de policiais e militares.
Os dados foram publicados no 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (15/7) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Armar a população tem sido um dos principais objetivos do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Segundo levantamento do sociólogo Antônio Rangel Bandeira, Bolsonaro já editou, no total, 31 normas sobre acesso a armas no país. Em abril deste ano, porém, a ministra do Suprem Tribunal Federal (STF) Rosa Weber deferiu liminar para suspender a eficácia de diversos dispositivos de quatro decretos publicados dois meses antes de flexibilizar o Estatuto do Desarmamento.
O coordenador de projetos do FBSP David Marques ressalta, ao Metrópoles, que alimentar o mercado nacional com mais armas de fogo, conforme mostra a experiência de outros países, tende a resultar em um conseguinte aumento do número de assassinatos.
Após dois anos seguidos de queda, o número de mortes violentas intencionais (MVI) cresceu 4,7% no ano passado.
Ao longo do ano passado, 50.033 pessoas foram vítimas de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte ou morte decorrente de intervenções policiais em serviço e fora. “O que temos de evidência cientifica é que sempre que a gente tem mais armas em território, temos mais homicídios”, assinala Marques.
“Mas, ao mesmo tempo que cresce a disponibilidade, o acesso a armas de fogo, a questão do controle, de poder fazer uma melhor fiscalização de quem tem esse acesso, não foi fortalecido nesse período”, complementa o especialista.
No ano passado, o número de armas de fogo apreendidas por secretarias estaduais de Segurança Pública ou pela Defesa Social foi de 109.137, pouco menor se comparado a 2019, quando houve 111.807 apreensões.
Já o número de armas de fogo destruídas pelo Exército Brasileiro caiu pela metade, de 125.860 em 2019 para 62.366 em 2020. Em 2012, a Força chegou a destruir 305.462 armas.