Novo presidente da Alesp, Carlão Pignatari põe Covid como prioridade
Carlão Pignatari comandará Alesp em biênio que inicia marcado pelo caso Isa Penna e pela crise da Covid e terminará com as eleições de 2022
atualizado
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São Paulo – Como novo presidente da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), Carlão Pignatari (PSDB), 61 anos, terá a missão de comandar a Alesp num biênio que será marcado pela ressaca da pandemia de Covid-19 e pelas articulações políticas que dominam a Alesp em véspera de eleições gerais.
O novo presidente também vai comandar a Mesa na apreciação de uma possível suspensão de mandato do deputado Fernando Cury (Cidadania). Cury é alvo de processo por quebra de decoro após ser acusado pela deputada Isa Penna (PSol) de importunação sexual durante sessão da Assembleia em dezembro de 2020.
Eleito com 65 votos dos colegas, incluindo o apoio de partidos de centro-esquerda, como PT, PDT, PSB e Rede, Pignatari é um veterano, no terceiro mandato como deputado estadual pelo PSDB, partido ao qual é filiado desde 1992.
O novo presidente minimizou as críticas que a eleição da Mesa Diretora recebeu de partidos de oposição de direita e de esquerda. A oposição acusa a base governista de fazer acordos que mantêm no comando da Casa apenas o PT como partido de oposição.
“É uma eleição com voto aberto e declarado, respeitando a proporcionalidade”, diz Pignatari, cuja vitória é atribuída por ter se destacado como líder do governo nos últimos dois anos, quando a gestão João Doria quase não sofreu revezes.
Segundo deputados ouvidos pelo Metrópoles, Pignatari tem perfil mais à direita, mas mantém ótima relação com todos os colegas, mesmo os da oposição, com um diálogo calmo, mas assertivo.
Deputados do PSDB e do PT preferem ignorar a ideia de acordo, até porque o PT promete articular CPIs no próximo biênio que podem incomodar a gestão de João Doria (PSDB).
Agenda econômica
Pignatari pretende priorizar uma agenda voltada para o enfrentamento econômico e social da crise gerada pela pandemia de Covid-19.
“[Quero priorizar] pautas que garantam a defesa da vida, como a compra de vacinas contra a Covid-19 e o auxílio financeiro ao desempregado e ao empresário, como é o caso do Bolsa-Trabalho, além de medidas de economicidade da Casa.”
O deputado avalia que a crise “não tem uma solução única e mágica”, comentando a ideia de lockdown. Pignatari diz não vislumbrar ações que fiquem apenas nas costas do Legislativo ou do governo estadual.
“É fundamental a soma de esforços de todos os entes para garantir a manutenção do estado, esta missão está muito nas mãos do Poder Executivo, que gerencia a máquina pública”, declara.
Suspensão de mandato de Fernando Cury
O Conselho de Ética decidiu suspender o mandato de Fernando Cury (Cidadania) por 119 dias no dia 5 de março, mas essa decisão ainda deve ser avaliada por todos os deputados da Casa. Carlão Pignatari afirma que pretende colocar o processo em votação com rapidez.
“Tenho uma ótima relação com a deputada Isa Penna. Fui solidário a ela desde o primeiro momento”, afirma, emendando que “particularmente, repudio em todo e qualquer caso, no ambiente que for, todo tipo de conduta que gere constrangimento, seja a uma mulher ou a um homem”.
Caso a Alesp decida pela suspensão do mandato de Cury, seria a primeira punição deste tipo na história da Casa.
Acusações de improbidade administrativa
Natural de Votuporanga, Carlão Pignatari já foi prefeito da cidade por duas vezes, entre 2000 e 2008. É desta época que vêm as acusações que enfrenta de improbidade administrativa, com duas condenações, contras as quais recorreu.
Uma delas se refere à recusa da prefeitura da cidade de comprar um remédio de alto custo para um morador. Pignatari, a princípio, foi absolvido por falta de provas, mas uma reviravolta jurídica colocou o processo em andamento novamente. Em outro processo, o Ministério Público viu irregularidades na compra de ambulâncias.
“É importante esclarecer: em todas as ações, segundo o Ministério Público, não houve qualquer situação de enriquecimento ilícito ou prejuízo aos cofres públicos”, diz Carlão Pignatari, que em seguida detalha o andamento de cada uma delas.
“Das quatro, uma ação já foi extinta pelo plenário do STJ. Duas outras, ainda em primeira instância, já tiveram pedido de extinção pelo Ministério Público e estão pendentes de decisão do juiz. E a última aguarda recurso em segundo grau”, afirma.
Eleições de 2022
No início da legislatura, Carlão Pignatari declarou para quem foi seu voto nas eleições de 2018: Jair Bolsonaro. Bastante crítico às gestões de Lula e Dilma, Pignatari conta que hoje se sente frustrado com o presidente, como muitos brasileiros.
“Bolsonaro iniciou com nossa esperança, deu primeiros passos com apoio da maioria e decepcionou”, afirma.
No início da pandemia, Carlão Pignatari já soltava declarações críticas ao presidente em relação ao início do enfrentamento da pandemia, considerando que a gestão de Bolsonaro “estava fora da curva, praticando politicagem em cima de uma doença”.
Hoje o deputado apoia que o PSDB lance candidatura própria, e ressalta as qualidades de João Doria.
“O governador João Doria é um excelente nome para concorrer à Presidência da República. Está mais que preparado, tem conduzido São Paulo na defesa da vida, com a garantia de vacinas para a população paulista e para os brasileiros”.
No entanto, com a chegada de Lula na área, Doria sinalizou, nos bastidores, o desejo de tentar a reeleição no estado, ao que Pignatari responde que “decidir disputar a reeleição também está no direito de Doria”, mas sua aposta ainda é que o tucano alce voos mais ambiciosos.
Perfil
Nome Carlos Eduardo Pignatari
Idade 61
Origem Votuporanga (SP)
Atuação Empresário, deputado estadual pelo PSDB e presidente da Alesp no biênio 2021–2022