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Abin paralela: novo nº 2 admite existência, mas nega obstrução à PF

Troca do cargo de diretor adjunto da Abin acontece após operação da Polícia Federal que investiga esquema de espionagem ilegal

atualizado

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Abin
Marco Cepik, pesquisador e novo diretor-adjunto da Abin
1 de 1 Marco Cepik, pesquisador e novo diretor-adjunto da Abin - Foto: Abin

O novo diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Marco Cepik, admitiu a existência de um esquema paralelo na autarquia, mas nega que tenha ocorrido tentativa de obstrução das apurações da Polícia Federal (PF) no órgão. A corporação investiga o funcionamento de uma “Abin paralela” no governo Bolsonaro, que realizava monitoramentos ilegais com uso de software que informa localização pelo celular.

Cepik (foto em destaque) afirmou que as investigações da PF, que saíram de sigilo na semana passada, apontam para a existência de um esquema ilegal de espionagem. As declarações foram dadas em entrevista para a Globo News nesta quarta-feira (31/1).

“Na extensão do que eu tenho conhecimento, eu não creio que tenha havido nenhum tipo de tentativa de obstrução. O que houve foi uma antecipação, inclusive, da condição de que o inquérito da PF pudesse ocorrer por meio da instauração do procedimento apuratório, da autonomia da corregedoria da Abin. (…). Por que alguém que quer obstruir uma investigação vai instaurar um procedimento apuratório, vai instaurar um procedimento investigativo?”, declarou Cepik.

“A retirada do sigilo da decisão do ministro Alexandre de Moraes e também as manifestações da direção da PF nos dão a entender que o avanço das investigações apontam para isso (existência de ‘Abin paralela’). Temos que aguardar o fim do processo investigatório para verificar não apenas se houve, mas quem estava ali”, disse ainda o novo diretor adjunto.

Troca após operação

O diretor adjunto, número dois na hierarquia da Abin, foi substituído após operação da PF que insinuou tentativa de obstrução da investigação por parte do antigo adjunto, Alessandro Moretti, exonerado e sucedido por Cepik.

Moretti foi exonerado cinco dias após operação da PF revelar que, durante uma reunião com servidores investigados em março, ele teria classificado a investigação sobre espionagem ilegal na Abin como algo de “fundo político e que iria passar”.

Ainda nesta quarta, Alessandro Moretti divulgou comunicado no qual informa ter determinado a abertura de investigação interna, no começo do ano passado, e que dados dessa apuração foram compartilhados com a Polícia Federal.

O inquérito da PF apura o uso do software israelense FirstMile em esquema de espionagem ilegal para monitorar adversários do governo Bolsonaro. O sistema permite saber a geolocalização de alvos a partir de números de celular.

Esse esquema ilegal teria acontecido durante a gestão da Abin pelo delegado da PF Alexandre Ramagem, atual deputado federal pelo PL. Filho do ex-presidente Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro é suspeito de ter se beneficiado dessa espionagem ilegal.

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