Novo ensino médio deixa alunos mais satisfeitos e otimistas com futuro
Reforma do ensino médio, criada em lei de 2017, começa a ser implementada no próximo ano, mas alunos de projetos-pilotos estão gostando
atualizado
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Prevista em uma lei de 2017, a reforma do ensino médio começa a ser implementada nas redes pública e privada de todo o país no próximo ano. Mas projetos-pilotos já estão em funcionamento em uma amostra de escolas, e, segundo uma pesquisa feita com estudantes dos dois modelos, o novo ensino médio tem alunos mais satisfeitos e confiantes em relação ao futuro profissional do que os vinculados ao atual currículo.
Criado pela Lei nº 13.415, que alterou as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, esse novo ensino médio é focado em uma formação menos teórica e mais voltada a conteúdos técnicos e orientação profissional/acadêmica. A maior novidade é que os estudantes terão de cumprir os chamados itinerários formativos, que começam a ser ofertados ainda em 2022, mas só serão obrigatórios a partir de 2023.
A carga horária também vai aumentar, de 800 horas por ano para mil, o que deve significar crescimento no período diário de estudo, de quatro para cinco horas. As disciplinas vão se tornar áreas do conhecimento (linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e sociais aplicadas), como já é cobrado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e só português e matemática serão obrigatórios nos três anos do programa, com o aluno ganhando protagonismo para escolher em quais outras áreas vai querer focar mais.
Uma pesquisa feita com 2 mil estudantes (mil cursando o novo ensino médio e mil que ainda estão no modelo tradicional) a pedido do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da Indústria (Sesi) mostrou maiores índices de satisfação e otimismo com o futuro no grupo que já está no novo formato.
De acordo com esse levantamento (veja a íntegra no fim da reportagem), 77% dos participantes do novo ensino médio estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a escola, contra 70% dos entrevistados do modelo antigo. A expectativa com o futuro profissional é otimista ou muito otimista para 78% dos inseridos no novo modelo, 10 pontos percentuais a mais do que nos estudantes do ensino médio tradicional. E 13% dos alunos do novo formato já pensaram em deixar a escola, porcentagem que chega a 17% entre os que ainda seguem no modelo antigo.
A pesquisa mostrou ainda que 61% dos estudantes que estão cursando o novo ensino médio avaliam positivamente o formato. Entre os motivos, estão a facilidade para conseguir “o primeiro emprego devido à capacitação” e as mudanças curriculares. Para 73% desses alunos, o potencial do inédito modelo para melhorar a qualificação profissional do Brasil é grande ou muito grande.
A escolha dos itinerários
Entre os alunos que já cursam o novo ensino médio e podem escolher entre cinco itinerários, o de Formação Técnica e Profissional (FTP) é o favorito (26%), seguido por Linguagens (20%), Ciências Humanas (18%), Ciências da Natureza (16%) e Matemática (11%). O que motiva os estudantes a optarem pelo itinerário formativo é o interesse em ingressar no mercado de trabalho logo após o ensino médio (31%) e a afinidade com o curso superior que desejam fazer (28%).
Sobre a pesquisa
Encomendado pelo Sesi e pelo Senai junto ao Instituto FSB Pesquisa, o levantamento fez duas amostras de mil estudantes cada, uma com matriculados no ensino médio tradicional e uma no modelo novo. No decorrer das sondagens, foram realizadas entrevistas presenciais, representando em cada uma delas margem de erro de 3 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.
A pesquisa com alunos do ensino médio tradicional levou em consideração o controle das seguintes cotas: (a) estado, (b) condição do município, (c) rede de ensino e (d) série escolar. A amostra foi desenhada de forma proporcional, de acordo com os dados do Censo Escolar de 2020, para espelhar a proporção de matrículas do ensino médio tradicional conforme os estratos amostrais acima.
Por sua vez, o levantamento com o grupo do novo ensino médio levou em consideração três redes de ensino, as quais já possuem alunos experimentando a inédita estrutura curricular em sua forma plena. Foram entrevistados alunos de escolas da rede pública de São Paulo e Mato Grosso do Sul, bem como estudantes da Rede Sesi.
As sondagens foram realizadas entre os dias 8 e 22 de setembro de 2021.
Devido a poucas escolas privadas já terem aderido ao novo modelo, 94% dos entrevistados estudam em escolas públicas (incluindo a rede Sesi).
Veja a íntegra da pesquisa:
RELATÓRIO – Instituto FSB Pesquisa – SESI SENAI – Novo Ensino Médio by Raphael Veleda on Scribd