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Novas variantes acendem alerta vermelho no estado de São Paulo

Especialistas dizem que chegada de novas cepas aumenta a possibilidade de terceira onda no estado, que já tem 110 mil mortes por Covid-19

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1 de 1 aglomeração estação da luz são paulo 2 - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Paulo – A chegada de novas variantes do coronavírus ao estado de São Paulo provoca o aumento do temor de uma possível terceira onda.

Nesta semana foi identificada uma nova cepa, a P.4, já presente em 21 cidades de São Paulo. A infecção pela variante indiana de um homem de Campos dos Goytacazes (RJ) que fez escala de voo no aeroporto de Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo, também é considerada uma ameaça pelas autoridades de saúde.

Essas descobertas aconteceram em meio à alta de internações em leitos de unidade de terapia intensiva (UTI), que voltaram a ficar acima dos 80%. Até o momento, mais de 110 mil pessoas perderam a vida para a Covid-19 no estado – o país ultrapassou 450 mil mortes na terça-feira (25/5).

O infectologista Marcos Boulos, professor da Universidade de São Paulo (USP), prevê que a terceira onda terá início em breve. E as novas variantes, sobretudo a indiana, cujas informações são mais conhecidas, contribuirão para que isso aconteça.

“Independentemente da cepa, os casos estão subindo. Estamos esperando mais uma vez uma falência do sistema médico nas próximas duas ou três semanas. A nova cepa vai ajudar para que seja pior, mas [a terceira onda] vai acontecer de qualquer jeito”, afirma ao Metrópoles.

O surgimento de uma variante é explicado pela grande quantidade de vírus circulando em uma região, o que ocasiona alta taxa de contaminação. Isso significa que uma mutação pode ser “engolida” por outra devido a sua adaptação ao ambiente.

Na avaliação de Boulos, a reabertura para o público de atividades como comércio, bares e restaurantes foi precipitada. Ele considera um acerto, mesmo que tardio, o adiamento de uma flexibilização ainda maior do Plano São Paulo, que reúne estratégias de combate à Covid-19, previsto para 1º de junho.

Capital monitora possíveis casos

Do mesmo modo que no estado, a capital paulista tem seguido o plano elaborado pela equipe técnica da gestão João Doria (PSDB). Em meio ao temor, a Prefeitura de São Paulo monitora possíveis casos de contaminação pela cepa indiana de moradores do município.

O coordenador da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), Luiz Artur Vieira Caldeira, diz que a administração municipal já se prepara para a possibilidade do início de uma terceira onda. Barreiras sanitárias foram instaladas em aeroportos, rodoviárias e rodovias ao longo da semana na capital.

Ele se refere ao contágio pela linhagem da Índia, sem mencionar a P.4. Entretanto, a variante do interior do estado de São Paulo apresenta a mutação L452R na proteína S, também presente na cepa do país asiático.

“O teste de genotipagem demora de 10 a 15 dias para ficar pronto. Nesses 15 dias, outras pessoas podem ingressar no país nas mesmas condições, e nos preocupa a possibilidade de essa cepa estar circulando no país em mais locais”, declara.

Para o coordenador da Covisa, a cidade de São Paulo estará mais preparada para uma eventual piora da pandemia ao instituir ações como a instalação de miniusinas geradoras de oxigênio hospitalar e a compra de medicamentos do kit intubação.

De acordo com Caldeira, é cedo falar em aumento de mortes, mas é esperado que as variantes indiana e P.4 sejam as responsáveis por um número maior de casos. O estado de São Paulo tem mais de 3,2 milhões de diagnósticos positivos para Covid-19.

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Mãe e filha, Elisandra Aparecida Camargo e Deise Rafaela Camargo, respectivamente
Cidade de Araraquara vista de dia
Cidade de Araraquara vista de noite
Ruas vazias são vistas no município de Araraquara
Cemitério São Bento, o maior de Araraquara
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O sepultador Antônio Carlos Gil tem cinco décadas de trabalho dedicadas ao Cemitério São Bento

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Mãe e filha, Elisandra Aparecida Camargo e Deise Rafaela Camargo, respectivamente

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Cidade de Araraquara vista de dia

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Cidade de Araraquara vista de noite

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Ruas vazias são vistas no município de Araraquara

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Necrópole já chegou a ter 10 enterros de Covid-19 por dia, diz funcionário

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Na região central, é possível notar maior fluxo de pessoas

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Igrejas foram reabertas após a cidade se readequar ao plano estadual

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P.4 ainda é mistério

A professora e pesquisadora do campus de São José do Rio Preto da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) Cintia Bittar assinala que os estudos sobre a P.4 estão em desenvolvimento.

Ainda é cedo para fazer qualquer previsão sobre a cepa, mas é certo que ela tirou a tranquilidade no campo da ciência. Sua origem ainda é desconhecida.

A cidade de Porto Ferreira, no interior de São Paulo, é a que mais tem concentrado casos positivos da nova linhagem, inclusive óbitos. É possível que o atual número, de 21 cidades com resultado positivo para a P.4, seja maior, pois não são todos os locais que têm feito sequenciamento genético.

Por causa das infecções em Mococa, município que faz divisa com Minas Gerais, laboratórios do estado foram avisados de que devem estudar a variante.

“Ela [a P.4] tem semelhanças com a cepa indiana, que está preocupando o mundo inteiro porque tem transmissão mais eficiente. Nós dependemos do comportamento dela para saber mais. Não sabemos se vai ser um problema grande”, diz Cintia Bittar

A cidade de Araraquara, que até o momento não conta com a presença da P.4, voltou a apresentar uma curva crescente de infecções pelo coronavírus após o lockdown. Segundo Marcos Boulos, essa volta é justificada pela circulação de pessoas de dentro para fora da cidade, e vice-versa.

Ele acredita que o estado de São Paulo seguirá em um ritmo crescente de casos, internações e mortes por Covid-19 até o início do segundo semestre, se nada for feito.

“Se todo o estado fizesse lockdown, os efeitos no curto prazo seriam positivos. Mas o bloqueio deve ser uma política nacional. Não estamos em uma guerra política ou econômica, mas em uma guerra sanitária.”

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