Nova política de investimento do BNDES prevê definição de debêntures
A meta é lançar até junho modelo de compra de participações acionárias ou investimentos em títulos de dívida corporativa
atualizado
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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está concluindo uma reformulação em sua atuação no mercado de capitais. A meta é lançar até junho uma nova política para definir a compra de participações acionárias ou investimentos em títulos de dívida corporativa, também conhecidos como debêntures.
A instituição promete uma presença mais atuante nesse segundo segmento, disse a diretora de Mercado de Capitais do BNDES, Eliane Lustosa.
Segundo a executiva, um dos objetivos é dar mais liquidez ao mercado secundário de debêntures, uma antiga demanda dos investidores institucionais (como grandes fundos de pensão brasileiros e grandes investidores estrangeiros).
Eliane adiantou que o banco lança nesta terça-feira (25/4), a chamada pública para selecionar o gestor de um fundo de até R$ 200 milhões de “venture debt”, para oferecer financiamento a pequenas empresas inovadoras. Um fundo de recebíveis também está nos planos para o segundo semestre, com foco em médias empresasA BNDESPar, empresa de participações do banco, é o maior investidor institucional do País, lembrou Eliane. A carteira total encerrou 2016 avaliada em R$ 92,5 bilhões. Com a nova política operacional, a ideia é ter regras mais claras sobre a atuação desse “gigante” do mercado.
“A gente tem trabalhado no sentido de dar mais transparência às escolhas nas entradas dos investimentos, seja em equity (ações), seja em dívida”, disse.
Novo foco
Em janeiro, o BNDES anunciou a nova política operacional para as operações de crédito, reservando as melhores condições em termos de juros e prazos aos projetos com atributos que sinalizem benefícios públicos (“externalidades”) maiores do que os privados (a rentabilidade do investidor).
À época, a presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, explicou que a ideia é mudar o foco das prioridades do banco dos setores para as características dos projetos. Investimentos em infraestrutura social (como o saneamento básico), inovação, eficiência energética e ambiental, por exemplo, serão favorecidos.
Segundo Eliane, os mesmos princípios guiarão as políticas operacionais para o mercado de capitais. Será acrescentado um atributo: o desenvolvimento do mercado em si. Aí estão incluídas tanto as ações para ampliar a liquidez quanto aquelas para oferecer acesso a empresas que não operam no mercado.
Esse é o intuito do fundo de “venture debt”. O instrumento financeiro, voltado para empresas iniciantes, ainda não existe no País, que já possui fundos especializados em “venture capital”. Famosos no Vale do Silício, os fundos de “venture capital” aportam recursos em empresas iniciantes, principalmente no setor de tecnologia da informação, em troca de fatias na composição acionária.
No “venture debt”, em vez de vender parte de seu capital, a empresa emite títulos de dívida a serem comprados pelo fundo.
Segundo o chefe do Departamento de Investimento em Fundos do BNDES, em países desenvolvidos, as operações de “venture debt” respondem por cerca de 10% do total aplicado em “venture capital”. No Brasil, o BNDES estima que esse segmento tem potencial para chegar a R$ 1 bilhão.
O BNDES espera lançar o novo fundo em até 180 dias. Poderão recorrer a ele firmas com faturamento anual de, no máximo, R$ 90 milhões, dos setores de tecnologia da informação, novos materiais, biotecnologia, nanotecnologia e audiovisual. A BNDESPar investirá até R$ 80 milhões, limitados ao teto de 50% no patrimônio máximo de R$ 200 milhões.