Nome de Lula na aproximação com Forças, Jobim almoçou com Dino e Múcio
Com discurso mais conciliador sobre militares e 8/1, ex-ministro Nelson Jobim foi convidado especial de encontro entre os dois ministros
atualizado
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O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, foi o convidado especial do almoço entre os ministros Flávio Dino, da Justiça, e José Múcio, da Defesa, na última quarta-feira (23/8).
Atual conselheiro do BTG Pactual, Nelson Jobim tem bom trânsito entre os militares e é próximo do atual presidente da República. Ele já comandou a Defesa e a Justiça nos governos FHC, Lula e Dilma.
Em maio deste ano, reportagem da coluna do Guilherme Amado, do Metrópoles, mostrou que Nelson Jobim recebeu a missão de Lula para liderar as tentativas de reaproximação dos militares.
O almoço entre Nelson Jobim, Dino e Múcio aconteceu poucos dias depois do ministro da Defesa enviar um ofício para a PF pedindo detalhes sobre os militares investigados por suspeita de terem se reunido com o hacker Walter Delgatti, dentro do Ministério da Defesa.
Durante aquele dia, antes e depois do almoço, Dino fez acenos às instituições militares. Primeiro, usou as redes sociais para declarar a importância das instituições militares, em um discurso contra a generalização.
Mais tarde, Dino declarou que Bolsonaro, enquanto comandante supremo das Forças Armadas, pode não ter “dado ordens corretas”. “E isso pode ter gerado que alguns membros das Forças Armadas tenham eventualmente cometido erros ou até crimes”, defendeu no fim do almoço ao falar com a imprensa.
Da mesma maneira, Múcio fez falas defendendo a individualização de condutas e criticando a generalização. A presença de Nelson Jobim no almoço consta na agenda oficial dos ministros, que é inserida um dia após e foi confirmado pela reportagem, mas não foi divulgada pelas assessorias e pela imprensa no dia do almoço. O encontro foi dentro do Ministério da Defesa.
Militares e 8/1
O governo Lula vive uma crise com parte das Forças Armadas, em especial do Exército, acentuada por investigações da PF contra militares nos casos das joias e dos atos golpistas de 8 de janeiro.
Jobim também é próximo de Múcio e condena o que chama de “retaliação generalizada” contra os atos golpistas. Em um seminário da Fundação FHC, em 23 de janeiro, o ex-presidente do STF defendeu que é preciso superar os atos golpistas e não entrar numa radicalização.
Veja o vídeo:
“Nós temos que saber ter tolerância, porque se o governo, os democratas, começarem a agir fazendo uma retaliação generalizada, vai ter radicalização. E aí se fortalece o Bolsonaro”, defendeu na ocasião.
Durante o seminário, Nelson Jobim ainda defendeu que houve um apagão de inteligência de todos, mas é preciso saber se foi intencional.