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No RJ, taxa de letalidade por Covid é de 5,8%; em Roraima, 1,5%: veja dados por UF

A grande diferença nos indicadores de mortes pela doença mostra problemas de testagem no Brasil. Entenda a situação

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Homem com roupa de proteção, luva e máscara com a mão em cabeça de homem sentado à esquerda
1 de 1 Homem com roupa de proteção, luva e máscara com a mão em cabeça de homem sentado à esquerda - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A letalidade por Covid-19 é de 2,8% no Brasil – ou seja, a cada mil pessoas infectadas pela doença no país, 28 morrem, em média. O número, entretanto, esconde uma variação grande dentro do Brasil. No Rio de Janeiro, por exemplo, a taxa chega a 5,8%, enquanto em Roraima é de 1,55%.

Tomado pelo valor absoluto, o resultado alto para o Rio de Janeiro é assustador. Significaria que mais do que uma em cada 20 pessoas infectada pela doença acaba falecendo. A verdade por trás do número é outra. Indica que a testagem para a doença está baixa no local – e no Brasil como um todo.

A maioria dos testes é realizada apenas em pessoas com sintomas, o que reduz a quantidade de casos confirmados de Covid-19. A consequência é que a letalidade acaba sendo artificialmente inflada por causa da subtestagem. Os números do Ministério da Saúde serviram de base para os cálculos do (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles.

O gráfico a seguir mostra como está a letalidade da Covid-19 por Unidade da Federaçã0 (UF) até 28/6.

O exame mais apropriado para detectar a presença do vírus em uma pessoa é o método molecular, conhecido como PCR. Nesse quesito, o Rio de Janeiro é o nono estado com a menor quantidade de testes feitos em relação à população. São 8,1 mil a cada 100 mil habitantes. A UF com o maior número de testes realizados é o Paraná, com 27,1 mil a cada 100 mil habitantes.

A grande diferença é mais um indicativo das dificuldades para testar em massa que o Brasil enfrenta desde o início da pandemia. Os números não representam, entretanto, a totalidade de testes feitos no país, já que eles levam em conta também os exames conhecidos como IGG, não presentes nos dados do Ministério da Saúde de 19 de junho deste mês.

Além disso, como aponta o boletim epidemiológico do MS, “as informações dos exames realizados estão sendo influenciadas pelo problema na atualização do envio dos dados do GAL dos estados ao GAL nacional”. GAL é o nome do sistema utilizado pela pasta para agrupar os relatórios de testagem.

Mesmo com as limitações presentes nos números, o infectologista e chefe da sala de situação da Universidade de Brasília (UnB), Mauro Sanchez, é taxativo ao falar sobre a subtestagem no Brasil. “Quanto menos você testa, menos casos leves ou assintomáticos você diagnostica. Aí o teu dominador da letalidade acaba ficando artificialmente inflado de casos mais graves, que têm uma probabilidade maior de morrer”, explica.

O especialista lamenta a situação, porque “a testagem é uma ação complementar a todos os esforços que estão sendo feitos para que se possa quebrar a cadeia de transmissão de forma mais efetiva”.

O médico e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia Julival Ribeiro ressalta a importância desse ponto. “Quando a gente faz teste, eu descubro que uma pessoa estava com Covid e faço rastreamento de todas as pessoas que tiveram contato com o caso, colocando a pessoa em quarentena. Por isso, o importante é muito teste, e o Brasil vem deixando a desejar em relação a isso”, disse.

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