No ES, Bolsonaro diz que não pensa em reeleição e promove a cloroquina
Presidente da República participou nesta sexta-feira de entrega do programa Casa Verde e Amarela no Espírito Santo
atualizado
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No momento em que as pesquisas de opinião mostram queda do apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entre os evangélicos, o mandatário da República fez um discurso de forte apelo religioso em agenda no interior do Espírito Santo nesta sexta-feira (11/6).
“Em 2018, tentaram de todas as formas nos derrubar, mas estamos aqui por um propósito”, afirmou ele, diante de uma plateia entusiasmada que várias vezes entoou o grito de “mito”.
Um dos momentos de maior euforia do público em São Mateus foi quando o presidente voltou a promover a cloroquina como remédio para a Covid-19, o que não tem comprovação científica e não é recomendado nem mesmo pelo ministro da Saúde Marcelo Queiroga.
“Tantas vezes eu errei, mas jamais errei por omissão”, disse Bolsonaro. “Desde o início da pandemia, estive no meio de vocês, nas comunidades mais pobres de Brasília. Fui criticado por isso e poderia ter ficado no Palácio da Alvorada com todo conforto do mundo, mas sempre preferi estar ao lado do povo, sabendo que tinha um vírus mortal, mas não os abandonei. Fui acometido e tomei a hidroxicloroquina”, discursou.
“Talvez eu tenha sido o único chefe de estado que procurou o remédio para esse mal. Tinha que aparecer alguma coisa”, continuou ele. “Ouvi pessoas que tinham o conhecimento sobre o caso, mas quando eu falei que aquilo [cloroquina] poderia ser bom, a oposição abriu uma guerra contra a gente”, continuou.
Em seguida, Bolsonaro disse que “não pensa em reeleição”, pensa em “bem servir a nossa população.” Por fim, o presidente voltou a falar em usar as Forças Armadas para garantir “a liberdade”.
“Eu não fechei nenhum comércio. Eu não destruí emprego, o ganha pão de ninguém. Jamais eu decretaria um toque de recolher. Tenho as Forças Armadas ao meu lado, sou chefe supremo delas e jamais elas irão às ruas para mantê-los em casa. Poderão sim, um dia, ir às ruas para garantir a sua liberdade, que é seu bem maior. E aquilo previsto em nossa Constituição”, completou.
Agenda
O presidente participa de cerimônia de entrega do programa Casa Verde Amarela, sucessor do Minha Casa Minha Vida, em São Mateus, no interior do Espírito Santo. O empreendimento vai abrigar ,8 mil pessoas, segundo o governo, em 400 residências.
Antes de Bolsonaro, discursaram lideranças políticas locais, como o ex-senador Magno Malta (PL), que fez discurso ufanista em homenagem a Bolsonaro, dizendo que as crianças do país recobraram os símbolos nacionais que teriam sido roubados pela esquerda. “Há 10 anos, as crianças choravam pelo Hino Nacional”, disse.
O ministro Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, também discursou. “Esperamos atravessar junto com o povo brasileiro essa provação que acomete o mundo inteiro. E temos a ventura de contar com um presidente que entendeu a importância de tratar da população brasileira, mas não descuidar da economia”.
A cerimônia de entrega do Residencial Solar São Mateus teve um minishow ao vivo com música gospel e pisadinha.
O prefeito de São Mateus, Daniel Santana (PSDB), quebrou o protocolo no início da cerimônia e chamou dois artistas ao palco. Primeiro, uma criança de nove anos cantou uma música gospel. Em seguida, Santana chamou ao palco Edu Lima, que cantou um jingle no ritmo de pisadinha intitulado “O mito chegou”.
Ao final do evento, Bolsonaro entrou sem máscara em uma das casas, junto ao presidente da Caixa, Pedro Guimarães, e aglomerou com a população.
Máscaras
Mais cedo, após ter anunciado um “parecer visando desobrigar” o uso de máscara por pessoas imunizadas contra a Covid-19 ou que já haviam sido infectadas pelo coronavírus, o presidente disse que cabe aos governadores e prefeitos decidir sobre o assunto.
“Ontem, pedi pro ministro de Saúde fazer um estudo sobre máscara, né? Porque quem já foi infectado e quem tomou a vacina não precisa usar máscara. Quem vai decidir é ele, vai dar um parecer, né?”, disse Bolsonaro a jornalistas, na saída do Palácio da Alvorada, antes de embarcar para uma agenda no Espírito Santo.
Logo depois, o chefe do Executivo federal fez a observação de que não seria dele a palavra final. “Se bem que quem decide, na ponta da linha, é o governador e o prefeito. Eu não apito nada, né? É ou não é? Segundo o Supremo, quem manda são eles. Mas nada como você estar em paz com a sua consciência”, opinou Bolsonaro