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No Brasil, negros são mais pobres, morrem mais e ganham menos que brancos

Pnud Brasil lançou, nesta terça-feira (29/9), a quarta edição do Atlas do Desenvolvimento Humano no país

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Ela citou a raça de um réu ao condená-lo por organização criminosa
1 de 1 Ela citou a raça de um réu ao condená-lo por organização criminosa - Foto: Reprodução

A população negra é maioria entre as pessoas pobres e extremamente pobres do país, bem como a que tem as maiores taxas de homicídio e a que ganha menos, se comparada com a população branca.

Para piorar, essa diferença racial vem se acentuando ao longo dos últimos anos no país.

Isso é o que mostra a quarta edição da plataforma Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, lançada nesta terça-feira (29/9) pelo Ipea, em conjunto com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud Brasil) e a Fundação João Pinheiro.

O sistema reúne mais de 360 indicadores socioeconômicos sobre saúde, educação, renda, trabalho, habitação, vulnerabilidade, meio ambiente e desigualdade, entre outros.

Os dados são referentes a 17 mil localidades brasileiras, sendo 5.565 municípios, 24 regiões metropolitanas, 27 unidades federativas e mais de 10 mil unidades de desenvolvimento humano.

De acordo com a plataforma, a cada dois brancos extremamente pobres – indivíduos com renda domiciliar per capita menos que R$ 70 mensais – no Brasil, existem cinco negros na mesma situação.

Além disso, o rendimento médio do setor formal do trabalhador negro (em média, R$ 1.287,55) é 42% menor do que o trabalhador branco (R$ 1.823,39). A desigualdade é significativa, segundo o relatório.

Já ao se analisar a renda per capita, brancos ganham cerca de R$ 1.144,76 e negros, R$ 580,79. Os dados são da Pnad Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“É um padrão de desigualdade entre brancos e negros e que se repete. São questões que a gente precisa discutir nas localidades”, ressalta, ao Metrópoles, a economista do Pnud Betina Barbosa.

Outro número que evidencia essa diferença racial destacada pela economista é a taxa de mortalidade por homicídios, que cresceu na população negra e diminuiu na branca.

Em 2013, a taxa a cada 100 mil habitantes era de 7,08 entre os brancos e de 19,34 entre os negros. Quatro anos depois, em 2017, passou para, respectivamente, 6,98 e 19,97.

“Ou seja, enquanto se tem uma taxa de mortalidade três vezes maior de negros, existe uma queda na mortalidade por homicídios entre os brancos. E, no caso dos negros, ela aumenta”, diz Barbosa.

A plataforma

Sobre a plataforma, a economista destaca a inserção de indicadores socioeconômicos baseados em informações de registros administrativos e inovações tecnológicas e de interação.

“As ferramentas técnicas são mais sofisticadas, a plataforma é mais rápida, promove a interação, permite a construção de gráficos com diferentes camadas, introdução de mapas sobre o Brasil”, diz.

A primeira edição do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil foi lançada em 1996. Desde então, outras duas versões foram lançadas, sendo a última em 2013. Esta é a quarta edição.

“A plataforma traz uma leitura dos diversos fatores sociais. É a primeira no Brasil que constrói a relação entre indicadores e agenda 2030 para Desenvolvimento Sustentável”, afirma Barbosa.

Os números são extraídos de ministério setoriais, como da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Datasus e do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), por exemplo.

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