Nº 2 da Câmara, Marcelo Ramos diz que Ernesto Araújo atrapalha o país
Ao Metrópoles, o deputado eleito pelo Amazonas afirmou que a atuação do chanceler atravancou doações de países, como China e Venezuela
atualizado
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Em entrevista ao Metrópoles, o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), afirmou que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, “atrapalha muito o Brasil e o processo de vacinação do povo brasileiro”. O parlamentar destacou as dificuldades no diálogo com alguns países, como China e Venezuela, que ofereceram doações durante o colapso na rede pública de saúde do Amazonas, estado pelo qual Ramos foi eleito.
“O atual chanceler contaminou a diplomacia brasileira de ideologia e de obscurantismo. O Brasil virou pária no mundo. As consequências disso passaram a ter impacto na vida dos brasileiros, porque isso atrapalhou a chegada de insumos para a vacina. Dificultou as negociações bilaterais até mesmo com os EUA. Não há dúvida de que o desastre da política externa brasileira tem consequências muito graves na vida da população. Teve no Amazonas e continua tendo, agora, no resto do Brasil”, destacou (confira a partir de 4’).
Apesar das duras críticas, o vice-presidente da Câmara destacou que não cabe a ele pedir a exoneração de Araújo. “O legitimado para escolher e para demitir ministro é o presidente da República”, frisou. “O que eu posso dizer é que ele atrapalha muito o Brasil e tem atrapalhado muito o processo de vacinação do povo brasileiro”, enfatizou.
Marcelo Ramos comentou o desenvolvimento de imunizantes brasileiros contra a Covid-19. “Eu quero que a vacina chegue ao braço do cidadão. Não quero saber de onde ela vem. O Governo de São Paulo anunciou um imunizante, e o ministro astronauta voltou da lua e apresentou um sinal de que haverá um outro. Que bom, é uma boa disputa”, ponderou (0’54”).
O vice-presidente da Câmara falou sobre a relação do mandatário do país, Jair Bolsonaro (sem partido), com o Congresso. “Eu não acho que se reeduque um homem de mais de 60 anos que passou pelo menos os últimos 30 falando a mesma coisa. O que o parlamento tem de fazer é exercer a sua função de freios e contrapesos. Não acho que nós seremos capazes de educar ou de mudar a forma de o presidente ver o mundo.”
Sobre o discurso do titular da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), na última quarta-feira (24/3), Ramos disse: “Expressou o sentimento que é majoritário do conjunto de deputadas e deputados que não estão dispostos a pagar uma conta que não é nossa. Em momento nenhum nós apoiamos políticas que negavam o uso da máscara, a necessidade de isolamento social para diminuir a ocupação dos leitos” (7’).
Marcelo Ramos também se posicionou em relação aos impactos do retorno do ex-presidente Lula (PT) ao cenário eleitoral. “Muda o jogo da política, porque agora há, efetivamente, um concorrente competitivo ao projeto de reeleição do presidente Bolsonaro”, avaliou (18’). Mas, segundo Ramos, ainda não é o momento para o debate sobre a disputa de 2022. “Você nunca vai me ouvir falar em despolitizar, eu vou falar em deseleitorizar. O que nós não temos que discutir é eleição, porque antecipar o debate eleitoral aumenta as tensões, e isso se reflete no parlamento. Fica mais difícil buscar convergências.”
Na entrevista, o deputado comentou o descontentamento de alguns governadores com o novo valor do auxílio emergencial. “Não tem nenhum governador pagando auxílio emergencial de R$ 600. Claro que nós gostaríamos de pagar. Mas nós não podemos artificializar a capacidade do Estado brasileiro de fazer uma política de transferência de renda neste momento emergencial. Nós não podemos comprometer o futuro das próximas gerações do país”, argumentou (22’).
Confira a entrevista: