Nissan Versa: sedã para motorista de aplicativo
Embora tenha motor ultrapassado e custar R$110 mil (versão Advance), é espaçoso e vem com porta-malas generoso. E não costuma dar problemas
atualizado
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Qualquer usuário de aplicativos de transporte sabe que a soma de fatores como gasolina cara, dólar instável, salário baixo (da população) e remuneração capenga (dos parceiros) daria no que deu: serviço ruim, cancelamento de viagens, carros estropiados e sujos, condutores insatisfeitos e mau-humorados.
E o que tem a ver com isso o Nissan Versa, principalmente a versão Advance? O fato de ela ser a mais usada, a mais desejada e o mais comentada por quem – e para quem – trabalha como motorista da Uber, da 99, inDriver e por aí vai. E de ter sido testada pelo Entre-eixos.
Antes, um porém: é certo que o mercado de sedãs anda em decadência, com vendas abaixo das 25 mil unidades por mês. E o Versa, décimo de uma lista 10, só emplacou 532 no país em todo o mês de maio. Mas o segmento de sedãs ainda é o mais procurado nas lojas físicas e online de usados e tem muito espaço nesse universo de compartilhamento, aluguel ou assinatura.
Bem, o Versa – importado do México – é um bom carro. Útil, prático, espaçoso até demais para os padrões (são 2,62m de entre-eixos). Não espere conforto para o terceiro passageiro traseiro, claro: nenhum dos concorrentes também o dará.
O conjunto de motor e câmbio é básico – mas em breve ficará para trás com as opções turbo, menos poluente e mais eficientes que surgem por aí: o 1.6 gera 114cv, com torque acanhado de 15,5mkgf (o Fiat Pulse 1.0 já oferece 20,4kgfm).
Por fora, é bonito, por sinal – se de linhas ousadas ou não, que eliminaria o ‘patinho feio’ da indústria brasileira, é outro caso. A versão Advance, avaliada aqui, tem um pacote razoável, levando-se em conta o preço, de conforto, segurança – de consumo, manutenção: controles de estabilidade (ESP) e tração, assistente de partida em rampa…
Obviamente, os sistemas assistentes mais avançados de segurança e eletrônica passam longe da versão, intermediária. Mas, o jogo é assim mesmo. Só para lembrar: o modelo traz freios com discos, mas só à frente, e o velho e ultrapassado disco a tambor (criado em 1900 e popular até os anos 1950) atrás.
A Advance tem botão chave presencial, com botão liga-desliga, tela de instrumentos de 7″ e pareamento com CarPlay e Android Auto e Bluetooth, câmera de ré, faróis de neblina… É, enfim, um carro para quem labora diariamente indo para a morte pensando em vencer na vida: porta-malas até caprichado (482 litros).
Curiosidade: entre no “Monte o seu” da Nissan e escolha o Versa Advance. A falta de cuidado com a língua portuguesa é lamentável. A ‘tradução’ (português de Portugal e espanhol para o nosso português, passando pelo inglês e descuidos, é até curiosa: ‘banco do motorista com tecnologia zero gravity, ‘sistema eletronico (SIC) de igniçao (botão Push Start)’ e por aí vai.
O preço
De largada, o motorista de aplicativo (ou não) optar por essa versão terá que desembolsar R$110.090. Se ele escolher uma cor diferente, como a cinza, o valor sobe para R$111.690.
E vale lembrar: com a redução da alíquota do IPI, aquele imposto sobre produtos industrializados, as montadoras e os jornalistas analistas do ‘mercado’ garantiram que os veículos ficariam mais baratos – e a Nissan até ‘baixou’ os preços de toda a gama.
Claro que não deu certo: já no fim de março, pouco mais de um mês depois, modelos da Fiat, da Renault e outras já estavam mais caros, eliminando o desconto.
A concorrência desse subsegmento é pesada: Chevrolet Onix Plus, Volkswagen Virtus, Fiat Cronos, Honda City, Hyundai HB20S, Toyota Yaris sedã… Cada um tem seus defeitos e virtudes, claro: o Virtus é barulhento, embora mais potente e com um pacote de segurança bem melhor; o Yaris é também é caro, mas se garante com uma rede de concessionárias eficiente; outros têm bom custo de manutenção e baixo consumo de combustível… E por aí vai. Se o motorista de aplicativo for esperto, ele deve pensar em escolher o Versa.