“Ninguém contra”, prevê presidente de comissão que vai avaliar indicados ao BC
Vanderlan Cardoso, presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), avalia que Gabriel Galípolo e Ailton Aquino não terão dificuldades
atualizado
Compartilhar notícia
O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), avalia que a sabatina dos indicados para a diretoria no Banco Central (BC) ocorrerá sem resistências e os dois obterão os votos necessários para serem aprovados.
Os dois indicados — o ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda Gabriel Galípolo e o servidor do BC Ailton Aquino — serão sabatinados pela CAE no dia 4 de julho. Depois de passarem pela comissão, os nomes ainda são analisados pelo plenário, que dá a palavra final.
Cardoso elogiou os dois nomes e reforçou que a indicação é uma prerrogativa do presidente da República. Cabe ao Senado sabatinar e referendar, ou não, os escolhidos.
“Os dois nomes apresentados pelo presidente Lula, indicados, são profissionais. O Ailton é de carreira do Banco Central. O Gabriel é do setor do setor econômico, vem com uma vasta experiência, já provou isso, é muito articulado e também é um excelente técnico. Então, não vai ter problema, não, nessa sabatina”, avaliou Vanderlan ao Metrópoles Entrevista.
“Acho que não vai ter ninguém que vai votar contra a indicação, que é uma prerrogativa do presidente da República”, completou ele.
Assista:
Galípolo foi indicado para a Diretoria de Política Monetária, uma das mais importantes do órgão, responsável por monitorar as condições da economia e auxiliar na definição da taxa básica de juros, a Selic. O senador Otto Alencar (PSD-BA) será o relator da indicação.
Por sua vez, Ailton Aquino é auditor-chefe no Banco Central, servidor de carreira há mais de 25 anos e que já exerceu o cargo de chefe departamento de contabilidade, orçamento e execução financeira do BC. A diretoria para a qual ele foi indicado (de Fiscalização) costuma ser ocupada por servidores de carreira e é responsável pela supervisão das instituições financeiras em áreas como modelo de negócios, liquidez e solvência. O relator da indicação de Ailton será o senador Irajá (PSD-TO).
Os dois nomes são os primeiros indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Banco Central. O petista tem criticado de forma recorrente a atuação da autoridade monetária e de seu presidente, Roberto Campos Neto.
Juros
Na última quarta-feira (21/6), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, anunciou a decisão de manter a Selic em 13,75% ao ano. A Selic é um dos mecanismos empregados para controle da inflação.
O senador citou indicadores econômicos que apontam em direção positiva, como os juros futuros em baixa e a inflação em queda.
“Os indicadores são muito bons para que, nas próximas reuniões, ele (Banco Central) comece a baixar os juros. Nesta, já era esperado que (o atual patamar) iria permanecer”, disse. “O cenário está preparado, está montado para redução da taxa de juros”, avaliou.
O mercado financeiro projeta que o primeiro corte na Selic venha a partir de agosto. Analistas do mercado financeiro consultados pelo BC no Relatório Focus divulgado nesta semana projetam que a Selic vai terminar 2023 ainda acima de dois dígitos, em 12,25% ao ano.
Autonomia do BC
Segundo Vanderlan Cardoso, a autonomia do BC não é colocada em xeque neste momento, pois o tema já foi suficientemente debatido no Congresso. Legislação aprovada em 2021, no governo Jair Bolsonaro (PL), deu à autoridade monetária autonomia para fixar a taxa básica de juros.
“Ninguém ali concorda e acha que foi um erro ter dado autonomia ao Banco Central. Nenhum senador ou senadora votou contra essa autonomia. Pelo que eu saiba, parece que foi praticamente unanimidade. Então, aqueles que porventura não concordaram, hoje veem que foi uma decisão acertada essa autonomia do Banco Central”.
A lei de autonomia do BC também estipulou mandatos não coincidentes para a diretoria. Por essa razão, os atuais diretores, incluindo o presidente, foram indicados na gestão passada. Lula só tem direito de fazer suas indicações a partir do término do mandato dos atuais diretores.
Alguns integrantes do PT, como a presidente nacional da sigla, deputada Gleisi Hoffmann (PR), defendem que Campos Neto peça para sair.
Gleisi Hoffmann chama Campos Neto de “homem de Bolsonaro e Guedes”
Questionado se a pressão política ajuda ou atrapalha no processo de corte de juros, o senador Vanderlan Cardoso respondeu:
“A pressão política não adianta com relação a essa política do Banco Central. Não vão mudar de acordo com o humor político. Essa independência, essa autonomia, aliás, que foi dada ao Banco Central fez com que o país vá a ser o primeiro a sair de crise pós-pandêmica com redução de juros. Enquanto os outros estão aumentando, nós vamos sair com redução de juros. E logo, logo, creio que na próxima reunião”.