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Neta usa amor e humor para mostrar dia a dia de avó com Alzheimer

Criada pela avó, Fernanda Franck compartilha momentos de leveza e carinho em seu perfil no Instagram

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Reprodução/Redes sociais
Neta cuidadora da avó
1 de 1 Neta cuidadora da avó - Foto: Reprodução/Redes sociais

A rotina de um familiar que cuida de um parente idoso já costuma ser pesada, com demandas constantes. Quando o ente querido sofre de uma doença progressiva, de efeitos devastadores, a situação é ainda mais dura. Em meio às dificuldades, no entanto, Fernanda Franck, de 36 anos, resolveu registrar e compartilhar momentos de leveza e carinho que experimenta no dia a dia com sua avó, Amida Guesser Besen. A idosa tem 91 anos e sofre de Alzheimer, doença degenerativa comum em idosos e que ocasiona perda progressiva e constante na memória.

“Eu falo muito que eu amo cuidar da minha avó, porque realmente amo. É uma história de muito amor e muita dedicação”, diz Fernanda, que aposta na mistura entre amor e humor no perfil do Instagram em que mostra trechinhos da rotina com a avó.

No Instagram, a jovem também compartilha o dia a dia de um cuidador de idoso, que precisa de atenção. “O cuidador precisa de muita atenção também. Eu acho que às vezes as pessoas acabam não vendo esse lado.”

História de parceria

Fernanda conta que sua avó nasceu em Biguaçu (SC), cidade em que mora até hoje, e teve 12 filhos. “Ela sempre foi muito trabalhadora, muito guerreira. Todos os filhos sempre comentaram que ela trabalhou por 10, porque é muito guerreira mesmo”, diz.

Amida cuidou de perto da criação dos filhos e sempre foi muito próxima da mãe de Fernanda, Maria Besen, de 71 anos. Quando Fernanda tinha 3 anos, a aposentada se mudou, mas pediu que a filha fosse com ela. As duas então foram para a casa de Amida, que passou a cuidar de Fernanda enquanto Maria trabalhava.

“Antigamente, a minha vó não tinha nada de doce, era o jeitinho dela, mais dura. E eu sempre fui sensível, sempre fui muito apegada, chorona e tudo”, relembra.

Apesar dos temperamentos diferentes, a relação das duas sempre foi próxima. Sua orientação sexual, por exemplo, nunca foi um problema para sua avó, que tratava suas namoradas como “rainhas”.

“Eu sempre tive uma relação muito boa com ela. Eu sinceramente não lembro de briga, ela me ajudava no que ela podia, às vezes me emprestava um dinheirinho. Sempre, desde criança, foi uma relação muito forte.”

Os primeiros cuidados vieram ainda durante a adolescência de Fernanda, quando sua avó sofreu um acidente grave e passou por cirurgias. “Eu ia no hospital, pegava no bracinho dela e falava ‘vó, a senhora vai viver muito ainda, vai ficar bem velhinha, eu vou cuidar da senhora’. E é muito estranho assim que eu sempre falei isso com muita, muita, muita força”, relata.

Alzheimer

O diagnóstico do Alzheimer demorou a chegar. Fernanda relembra que os primeiros sinais apareceram quando sua avó começou a inventar histórias de uma de suas filhas que estava morando com ela, a acusando de roubar dinheiro.

O conflito não se limitou apenas a uma filhas. A responsabilidade, no fim, ficou com Maria, após uma outra irmã também não aguentar as dificuldades de lidar com um idoso que sofre de Alzheimer.

“Minha mãe não entendia absolutamente nada, as respostas erradas deixavam ela bem assim agressiva, irritada. Minha avó sempre queria ir embora, sempre se arrumava, ela não gostava de tomar banho… enfim, foi foi uma fase bem difícil para todos.”

Por razões pessoais, Fernanda, que já havia se mudado, voltou a morar com a mãe, em 2017. Ao chegar lá, se deparou com a situação que costumava ter contato somente aos fins de semana. Ela começou, então, a pesquisar sobre a doença e encontrou outros perfis na internet que compartilham as dores e alegrias de cuidar de um idoso.

Inspirada, criou um perfil no Instagram, e começou a gravar os vídeos enquanto se dedicava cada vez mais aos cuidados da vó, que adorou as gravações. “A vovó adorava se ver. Ela se olhava e não se reconhecia, então era muita risada, era muito legal, e até hoje é muito legal.”

Na mesma época, a jovem conta que começou a tratar a doença de forma diferente, com as “mentirinhas do bem” para evitar os conflitos que a avó costumava ter com os outros familiares. Quando Amida buscava o marido, que morreu há 14 anos, Fernanda respondia que ele estava trabalhando, ao invés de argumentar.

“É muito aprendizado. A vovó tem algumas crises de confusão na cabeça, mas a gente já sabe lidar com a situação”, diz. “É tudo na base do amor, com muito amor, com muita paciência, com muita dedicação. O banho é tranquilo, a alimentação é tranquila, higiene é tudo muito muito tranquilo, mas é porque aprendemos a lidar com ela”.

“Eu fiquei praticamente quatro anos assim sem ganhar nada, mas no fim deu tudo certo. Hoje, a gente faz algumas publis [anúncios no Instagram] que dão um dinheirinho”, finaliza.

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