“Negar o vírus faz com que Bauru flerte com Manaus”, diz governo de SP
Ao Metrópoles, Marco Vinholi diz que, neste cenário de pandemia, “destaca-se a inoperância e omissão” da prefeita
atualizado
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São Paulo – O Governo de São Paulo reagiu às declarações feitas pela prefeita de Bauru, Suéllen Rosim (Patriota), em entrevista ao Metrópoles. A chefe do Executivo local tentou barrar a fase vermelha no município, apesar da grave situação local da pandemia. Em nota enviada à reportagem, o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, afirma que o comportamento da prefeita faz com que Bauru ostente índices ruins de internações, casos e mortes por Covid-19.
“Negar o avanço do vírus e adotar discurso que agrada acólitos faz com que Bauru flerte com o que se passou recentemente em Manaus”, diz Vinholi.
Ao Metrópoles, ela alegou que não é negacionista e, sim, realista. Para Vinholi, é assustadora a incapacidade da prefeita de Bauru de cuidar do povo que a elegeu. “Com leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) lotados e o aumento de casos e de mortes por Covid-19 na cidade, destaca-se a inoperância e a omissão de Suéllen Rosim”, pontuou.
De acordo com a nota, o fato de a prefeita ter desafiado a fase vermelha, mais rígida da pandemia, e ter tentado permitir a abertura do comércio não essencial é “descaso, relento e descuido”. O município tem 23 mil casos da infecção. Só em janeiro, foram 4.516 contaminações por Covid-19 na cidade – um recorde, em comparação aos números registrados desde o início da pandemia. Ao todo, são 372 mortes.
Ainda na avaliação do secretário, Suéllen Rosim mistura o surto endêmico mundial do coronavírus com outras demandas do município. Na entrevista, ela diz que as dificuldadesde Bauru foram agravadas com a pandemia “e com isso vamos ter outros problemas”. “Sempre tivemos problemas com vagas e internação. Que o governo do estado comece a investir em Bauru à altura”, afirmou.
A prefeita tem mais afinidade com o presidente Jair Bolsonaro do que com o governador João Doria. Ambos têm protagonizado uma guerra política em relação ao enfrentamento da pandemia. Ela, entretanto, declara apoio aos dois.
“Apoio o governo federal e o estadual, desde que me deem a chance de apoiar o que tem a ver com meu município, você entendeu? Isso não é ficar em cima do muro, muito pelo contrário, é tratar não com politicagem, mas com a verdade do que tem que ser. Eu me considero alguém que torce pelo Brasil. Qualquer um que estivesse lá [no Palácio do Planalto] teria meu apoio”, disse.
Recentemente, ela esteve em Brasília em agenda com Bolsonaro. Para Vinholi, “caso [a prefeita] se importasse com as vidas que Bauru está colocando em risco, ou que está perdendo para o vírus todos os dias, Suéllen teria aproveitado a visita recente que fez ao presidente da República para questionar o motivo pelo qual o governo federal desabilitou mais de 3,2 mil leitos de UTI no estado”.
Leia a íntegra da nota enviada ao Metrópoles:
“É assustadora a incapacidade da prefeita de Bauru-SP de cuidar do povo que a elegeu. Com leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) lotados e o aumento de casos e de mortes por Covid-19 na cidade, se destaca a inoperância e a omissão de Suéllen Rosim.
Para “Metrópoles”, a chefe do Poder Executivo defende que, ir de encontro com a Fase Vermelha do Plano SP “não é rebeldia”. De fato, não trata-se, tão somente, de pirraça – é descaso, relento e descuido. Parece, afinal, que a gestora ignora o fato de Bauru contabilizar 4.516 infectados por Coronavírus no mês de janeiro – recorde desde o início da pandemia -, além de 372 mortes.
Sobre o decreto que editou em âmbito municipal, sobrepondo, assim, à lei estadual, a prefeita afirma que “mães e pais de família não podem perder o emprego na pandemia”. Suéllen se esquece, por outro lado, que é necessário estar vivo para trabalhar e que o cidadão precisa adotar uma série de cuidados para não se infectar e não contaminar o outro.
Negar o avanço do vírus e adotar discurso que agrada acólitos faz com que Bauru flerte com o que se passou recentemente em Manaus. Avessa aos doentes e aos cadáveres produzidas pela Covid-19, prefeita ainda lança mão da confusão em seus pronunciamentos, misturando pandemia a outras demandas do município.
Caso se importasse com as vidas que Bauru está colocando em risco, ou que está perdendo para o vírus todos os dias, Suéllen teria aproveitado a visita recente que fez ao presidente da República para questionar o motivo pelo qual o Governo Federal desabilitou mais de 3,2 mil leitos de UTI no Estado. Enquanto a chefe do Executivo posava para fotos em Brasília-DF, o Governo de São Paulo trabalhava na abertura de 247 leitos na região de Bauru para a internação de pacientes com Coronavírus.
Mesmo “aos risos”, conforme destacou reportagem de “Metrópoles”, a prefeita diz que acredita na vacina como instrumento de enfrentamento à pandemia. Sabendo, porém, que a população brasileira ainda não foi imunizada em massa, a gestora poderia atuar para conter o avanço do contágio na cidade que administra há pouco mais de um mês.
A prefeita, por sua vez, em entrevistas, Lives e postagens incentiva à democratização da desobediência às regras sanitárias, à Ciência, à Medicina e às autoridades de Saúde. O número de casos de Covid-19, de internações e de sepultamentos em Bauru reforçam o risco que a miopia provoca quando a paixão ideológica se sobrepõe aos fatos. Que Suéllen desperte em tempo.”
Marco Vinholi
Secretário de Desenvolvimento Regional do Governo do Estado de São Paulo