Negacionistas promovem atos esvaziados no DF e em SP: “Vachina na bunda do Doria”
Manifestações contra resultado das eleições e contra medidas de isolamento atraíram poucas dezenas de pessoas
atualizado
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São Paulo e Brasília – Convocados pelas redes sociais ao longo da última semana, manifestações questionando a legitimidade das eleições municipais de 2020 e as medidas de combate ao coronavírus atraíram grupos bem pequenos neste domingo (22/11) em duas das principais cidades do país. Denúncias de fraudes na votação brasileira tem ecoado a polêmica liderada pelo candidato derrotado nos Estados Unidos, Donald Trump, mas não ganharam corpo nem na internet nem nas ruas, como mostraram os atos na Avenida Paulista, em São Paulo, e na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
O ato convocado para a capital paulista não chegou a juntar 50 pessoas. Angustiada ao chegar ao local marcado com a irmã e ter dificuldade até para achar os aliados em meio aos passantes, a professora aposentada Carmen Manfriolli, 65 anos, culpou a censura nas redes sociais pelo fiasco.
“Estão limitando nossas postagens, nossas convocações. O povo achou que teria nas redes sociais uma fuga da censura dessa imprensa vendida, mas a esquerda é poderosa e organizada e consegue censurar lá também”, lamenta ela, que vê “as garras da esquerda” também na apuração dos votos da eleição do último domingo.
“São Paulo mostrou desde o impeachment que é uma cidade conservadora. O presidente Bolsonaro teve 70% dos votos aqui. Como é possível que dois esquerdistas vão pro segundo turno agora? Me explica!”. Para os bolsonaristas, o PSDB de Bruno Covas é um partido de esquerda – classificação contestada pelos partidos mais progressistas, como o PSol de Guilherme Boulos.
Apesar da alegação da professora, em 2018, o candidato Jair Bolsonaro teve 55,13% dos votos na capital paulista no segundo turno. O adversário Fernando Haddad (PT) teve 44,87%.
Veja cenas do protesto neste domingo na Avenida Paulista:
As pautas negacionistas
Além que pedirem até a anulação da eleição, os participantes do ato defendem que as urnas até possam ser eletrônicas, mas que imprimam cada voto para possibilitar recontagens e auditorias.
Sobre o coronavírus, desconfiam da gravidade da doença e das medidas de contenção das infecções. Tanto que, apesar de a maioria do grupo já ter cabelos brancos, praticamente todos estavam sem máscara.
Uma senhora na casa dos 60 anos que não quis se identificar contou orgulhosa para a reportagem que entrou em sua zona de votação sem máscara e só foi abordada depois de passar vários minutos na fila. “Até os fiscais ficam constrangidos de ficar exigindo essa focinheira”, disse ela.
A vacina contra o coronavírus é mais uma fonte de preocupação para o grupo. Eles denunciam um “esquema” entre o governador João Doria e os chineses e não admitem que haja obrigatoriedade de uma imunização mesmo quando houver liberação das autoridades sanitárias. “Vachina na bunda do Doria” foi um dos gritos de guerra entoados pelo grupo. “Cadê meu voto?” foi outra frase muito ouvida.
A baixa adesão frustrou, além dos próprios participantes do ato, o vendedor ambulante Anastácio Ferreira, 50 anos, que passou mais de uma hora no transporte público para sair de onde mora, na Grande São Paulo, para vender adereços para o grupo. “Eu vivo dessas coisas pequenas, então qualquer oportunidade eu pego, mas hoje me enganei, não deveria ter vindo”, disse ele, que levou 500 faixas com a inscrição “Fora Doria”, mas tinha vendido menos de 10 quando o ato já se encaminhava para o final.
Fiasco maior em Brasília
O ato contra as urnas eletrônicas e contra a vacina também foi convocado – e aconteceu – em Brasília, mas pouca gente percebeu. Na manhã deste domingo, uma carreata com cerca de 10 carros circulou pela área central da capital. Depois, 7 (sete mesmo) pessoas fizeram uma manifestação na Praça dos Três Poderes.
Veja um registro: