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Não vacinado contra a Covid, Bolsonaro destoa de ao menos 133 chefes de Estado que integram a ONU

Tradicional encontro de líderes mundiais começa na próxima terça (21/9), no formato híbrido, com participações virtuais e presenciais

atualizado

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Alan Santos/PR
O presidente Jair Bolsonaro durante a abertura da 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas
1 de 1 O presidente Jair Bolsonaro durante a abertura da 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas - Foto: Alan Santos/PR

Presença confirmada na 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), com abertura prevista para a próxima terça-feira (21/9), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está entre os 60 chefes de Estado que não informaram, oficialmente, se foram vacinados contra a Covid-19.

De acordo com um levantamento feito pelo Metrópoles, dos 193 países que integram a ONU, 133 têm os seus chefes de Estado imunizados contra a doença que já vitimou quase 230 milhões de pessoas em todo o mundo. 

Para a sondagem, foram considerados os chefes de Estado que participam do debate geral, sejam eles presidentes ou primeiros-ministros. É o caso de Justin Trudeau, premiê do Canadá. Veja a relação completa aqui.

Entre os 54 países-membros da ONU do continente africano, foram encontrados registros de vacinação de 30 chefes de Estado. Na América, dos 35 países integrantes da organização, 25 chefes foram imunizados, segundo os dados disponíveis, como Joe Biden (Estados Unidos), Nicolás Maduro (Venezuela) e Justin Trudeau (Canadá).

Na Ásia, ao menos 33 dos 43 chefes de Estado que integram a ONU foram vacinados. Na Europa, 36 dos 47 líderes receberam a proteção contra a Covid. Já na Oceania, 9 dos 14 chefes de Estado dos países-membros da ONU estão imunizados. 

A Assembleia Geral da ONU deve reunir mais de 100  líderes na sede da organização, em Nova York. Neste ano, o evento será realizado no modelo híbrido, com participações virtuais, gravadas e presenciais, diferentemente da edição passada, que foi 100% virtual devido à pandemia de coronavírus.

Na última semana, no entanto, o presidente do debate geral, Abdulla Shahid, enviou aos Estados-membros da ONU uma carta na qual defendia que as autoridades nova-iorquinas aplicassem as regras impostas aos habitantes da cidade também no prédio da organização.

Em razão da pandemia de coronavírus, o governo de Nova York exige que frequentadores de centros de convenções comprovem que foram vacinados contra a Covid-19. Segundo a prefeitura da cidade, o edifício da ONU se enquadra na definição de um centro de convenções. Os Estados-membros da organização, no entanto, ainda avaliam se as regras da maior cidade dos Estados Unidos serão aplicadas durante a assembleia, tendo em vista que o prédio da instituição é considerado território internacional. 

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse em entrevista à agência Reuters que não tem como forçar os líderes mundiais a se imunizarem nem impedi-los de entrar no prédio-sede da organização em Nova York.

O chefe do Executivo federal brasileiro já está apto a tomar a vacina contra a Covid-19 desde abril deste ano, quando o governo do Distrito Federal abriu a imunização para pessoas a partir de 66 anos. Além de ter desencorajado publicamente a vacinação em ao menos 20 ocasiões, segundo levantamento do Metrópoles, o titular do Palácio do Planalto disse que só receberia a proteção contra o vírus após o último brasileiro ser imunizado.

“Todo mundo já tomou vacina no Brasil? Depois que todo mundo tomar, eu vou decidir meu futuro aí”, disse o presidente na última quinta (16/9), em uma transmissão nas redes sociais.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB) – que assumirá o comando do Executivo enquanto Bolsonaro estará na ONU –, já tomou as duas doses do imunizante. Segundo o general, ainda que o mandatário do país não tenha se vacinado, um exame negativo para o novo coronavírus bastará, já que “chefes de Estado têm tratamento diferente das delegações”.

“Ele vai fazer o PCR, que é obrigatório para viagens dessa natureza, e, obviamente, chefes de Estado têm um tratamento diferente da delegação”, disse Mourão na última sexta-feira (17/9).

Comitiva de Bolsonaro

De acordo com decreto presidencial, 27 pessoas vão integrar a comitiva brasileira, incluindo oito ministros do governo e familiares do presidente, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e a primeira-dama do país, Michelle Bolsonaro. 

Veja a relação completa:

  • Carlos Alberto França, ministro das Relações Exteriores; 
  • Marcelo Queiroga, ministro da Saúde;
  • Anderson Torres, ministro da Justiça e Segurança Pública; 
  • Paulo Guedes, ministro da Economia; 
  • Joaquim Leite, ministro do Meio Ambiente; 
  • Gilson Machado, ministro do Turismo; 
  • Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência; 
  • Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência; 
  • Eduardo Bolsonaro, deputado federal; 
  • Flávio Rocha, secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência;
  • Nestor Forster, embaixador do Brasil nos Estados Unidos da América; 
  • Ronaldo Costa Filho, representante permanente do Brasil junto às Nações Unidas;
  • Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal; 
  • Michelle Bolsonaro, primeira-dama;
  • Rodrigo de Bittencourt Mudrovitsch, convidado especial;
  • Paulo Angelo Liégio Matao, intérprete; 
  • Claudia Chauvet, intérprete; e 
  • Rachel Alves Bezerra, intérprete.

Na contramão de Bolsonaro, dos oito ministros que vão integrar a comitiva, seis foram vacinados oficialmente: Carlos França, Marcelo Queiroga, Paulo Guedes, Gilson Machado, Luiz Eduardo Ramos e Augusto Heleno.

Discursos anteriores

Desde 1949, cabe tradicionalmente ao representante brasileiro fazer o discurso de abertura do debate geral da ONU. Nas últimas sete décadas, chanceleres e presidentes subiram à tribuna em Nova York para falar em nome do Brasil.

Esta será a terceira vez que Bolsonaro abre o debate geral. Em 2019, o presidente afirmou que o Brasil tinha um “compromisso solene” com a preservação ambiental e defendeu a soberania na Amazônia. 

Em 2020, o chefe do Executivo brasileiro, assim como outros chefes de Estado, participou de forma remota em razão da pandemia de coronavírus. Na ocasião, disse que o Brasil era “vítima” de uma campanha “brutal” de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal.

Neste ano, o presidente deve voltar a tratar da pauta ambiental. Em uma transmissão ao vivo nas redes sociais na última quinta-feira (16/9), Bolsonaro disse que fará críticas a uma eventual derrubada do marco temporal na demarcação de terras indígenas no país.

O Supremo Tribunal Federal (STF) julga o tema desde o dia 26 de agosto. Pela tese, índios só podem reivindicar a demarcação de terras já ocupadas por eles antes da data de promulgação da Constituição de 1988.

Na última quarta-feira (15/9), o ministro Alexandre de Moraes pediu vista do julgamento, ou seja, mais tempo para analisar o processo. Até o momento, o placar está em 1 a 1. O ministro Nunes Marques apresentou voto favorável à tese, enquanto Edson Fachin, relator do caso, foi contrário.

Na live, Bolsonaro insistiu na avaliação de que o marco temporal é um “perigo” e um “risco” para a segurança alimentar nacional e mundial, pois terá impacto direto na inflação dos alimentos.

“O que a gente espera é que seja mantido esse marco temporal. Na semana que vem, vou estar na ONU, terça-feira o discurso lá, […] e o que eu devo falar? Algo nessa linha: se o marco temporal for derrubado, se tivermos que demarcar novas áreas indígenas, e hoje em dia nós temos aproximadamente 13% do território nacional demarcado como terra indígena, já consolidado… Caso tenha esse novo marco temporal, essa área vai dobrar”, afirmou o presidente.

As afirmações de Bolsonaro, contudo, foram contrariadas por cinco economistas ouvidos pelo Metrópoles. Na avaliação de todos eles, a relação entre o disparo da inflação e a alteração do marco temporal “não faz sentido”.

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