“Não terão efeito de proteção”, diz secretário sobre vacinas furtadas
Daniel Soranz alerta para exposição irresponsável de quem receber doses do imunizante furtadas de centro de saúde no Rio de Janeiro
atualizado
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Rio de Janeiro – Após o furto de 50 doses (cinco frascos) da vacina Coronavac de um centro de saúde no bairro Colégio, na zona norte da cidade, o secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, fez um alerta: quem tomar uma das doses furtadas não estará imunizado e poderá, inclusive, correr algum tipo de risco.
“As vacinas não tiveram nenhum tipo de cuidado para serem retiradas. Não houve um acondicionamento adequado. Elas são sensíveis à temperatura. Não vão alcançar um efeito desejado se forem aplicadas em alguém. Não terão um efeito de proteção. A pessoa que tomar uma dessas doses vai se expor”, disse o secretário ao jornal O Globo.
O suspeito de furtar as doses arrombou a sala de vacinas da unidade de saúde e levou também um computador. O furto foi flagrado pelo circuito interno de segurança e o caso foi registrado na 6ªDP (Cidade Nova). Perícia foi feita no local, de onde os técnicos recolheram impressões digitais do criminoso que, segundo o secretário, está perto de ser identificado.
“A única sala arrombada por ele foi a sala de vacinas. Que, aliás, tinha até uma tranca reforçada. A gente sabe a hora que o furto ocorreu, porque a abertura da câmara fria ficou registrada. A polícia foi muito rápida. No mesmo dia, mandou a perícia técnica lá para colher impressões digitais. Agora, esperamos que a polícia encontre o culpado, para que a gente saiba por que ele realizou o furto”, explicou.
Segundo Soranz, é a primeira ocorrência de furto de vacinas ocorrida no Rio. “Não temos nenhum registro desse tipo na história recente”, lembrou.
No entanto, o secretário esqueceu de citar o roubo de um caminhão com 90 mil doses de vacinas (62 mil delas contra a gripe), roubado em 2019. Na ocasião, bandidos armados interceptaram o veículo na Avenida Brasil, na altura de Guadalupe, na zona norte do Rio.
O veículo, localizado dias depois, levava ainda os medicamentos de um depósito municipal em Jacarepaguá para postos de saúde das zonas norte e oeste. A carga tinha valor estimado de R$ 1,5 milhão e as demais vacinas eram contra sarampo, poliomielite e raiva.
Ao Metrópoles, a secretaria municipal de Saúde explicou que “todo imunobiológico precisa ser acondicionado, manipulado e transportado em condições ideais, recomendadas pelo fabricante e pelos protocolos técnicos. A Coronavac deve ser mantida em rede de frio, a temperatura de 2 a 8 graus, e manipulada conforme boas práticas em vacinação, caso contrário, perde estabilidade e eficácia.
Além dos cinco frascos da vacina e do computador, nenhum outro objeto, equipamento ou insumo foi levado pelo ladrão, nem mesmo caixa térmica ou gelox. Se houve alteração de termoestabilidade, muito possivelmente a eficácia da vacina fica comprometida e a pessoa que a receber não terá resposta imunológica.
Apenas os serviços públicos de saúde e estabelecimentos credenciados e licenciados dispõem da Coronavac para a vacinação. Qualquer pessoa que oferte a vacina fora desses locais está incorrendo em irregularidade, além de não haver garantias de conservação, o que resulta em grande risco de contaminação por manuseio indevido”.