Não tem lógica não usar a Força Nacional para conter 8/1, diz Heleno
O general Augusto Heleno, que comandou o GSI no governo Bolsonaro, presta depoimento à CPMI do 8 de Janeiro
atualizado
Compartilhar notícia
O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, afirmou à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que não vê sentido na não utilização da Força Nacional para conter manifestantes em 8 de janeiro.
“Não tem lógica existir uma Força Nacional e não ser utilizada nesses momentos, onde ela é talvez a instituição mais capaz de resolver rapidamente o problema”, avaliou.
A declaração ocorreu em resposta a perguntas do senador Sergio Moro (União-PR), durante sessão na tarde desta terça-feira (26/9). A utilização da Força Nacional tem sido alvo de discussão no colegiado.
Enquanto a oposição responsabiliza o Ministério da Justiça e Segurança Pública e o GSI pelo não acionamento da tropa, os governistas afirmam que se tratava de uma atribuição do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB-DF).
Moro, durante a sessão, destacou circunstâncias do governo de Jair Bolsonaro (PL) em que o GSI e o Ministério da Justiça acionaram a Força Nacional para manter a integridade da Praça dos Três Poderes.
“É muito difícil que a Polícia Militar consiga manter o clima de segurança na cidade, ainda mais cuidar dos prédios ali na Esplanada [dos Ministérios]”, disse Heleno.
Depoimento à CPMI
O ex-ministro presta depoimento à CPMI na condição de testemunha. Na noite de segunda (25/9), o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu ao militar o direito de permanecer em silêncio diante dos parlamentares.
O militar teve depoimento iniciado por volta das 10h10 desta terça. Ao chegar, Heleno foi aplaudido por diversos parlamentares da oposição.
Heleno teceu comentários sobre a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, à Polícia Federal, em que ele disse ter participado da tal reunião. Segundo o general, ajudantes de ordens não participavam de encontros do tipo. “Cid não participava de reuniões. Ele era ajudante de ordens. Isso é fantasia.”
Atuação assim que acionada
Em ofício enviado à CPMI do 8/1, em agosto deste ano, a Força Nacional afirmou que atuou “assim que demandada pelos escalões superiores” para conter os ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília no início do ano.
Em resposta, a pasta comandada por Flávio Dino compartilhou o relatório da operação da Força Nacional na Esplanada dos Ministérios em 8 de janeiro. O documento aponta que, um dia antes dos ataques, a Força Nacional acionou dois pelotões de choque.
No dia dos ataques, de acordo com o documento, um efetivo de 214 homens, 24 viaturas e dois veículos aéreos não tripulados foram acionados. “A Força Nacional prontamente atuou em apoio à Polícia Militar do Distrito Federal, à Polícia Rodoviária Federal e à Polícia Legislativa, em ações de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”, consta no relatório.