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Não só aeromoças: mulheres conquistam espaços “masculinos” na aviação

Mulheres têm ganhado cada vez mais espaço no mercado da aviação, principalmente quando se fala de pilotos e mecânicas de avião

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Foto colorida da mecânica de aeronaves Joyce Campos - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida da mecânica de aeronaves Joyce Campos - Metrópoles - Foto: Arquivo pessoal

A imagem tradicionalmente relacionada a pessoas que trabalham na área da aviação é remetida a homens, muitas vezes brancos e com óculos de aviador, como Tom Cruise no papel de Pete “Maverick” Mitchell, dos filmes Top Gun. No entanto, mulheres estão mudando esse cenário e mostrando que sim, elas podem comandar uma aeronave, atravessar o oceano em um pássaro de metal e até mesmo consertar os aviões.

O Dia Internacional das Mulheres é comemorado nesta sexta-feira (8/3). Para celebrar essa data tão importante, falar sobre representatividade feminina em espaços historicamente dominados por homens, o Metrópoles conversou com uma mecânica de aeronaves e duas pilotos de avião.

De comissária de bordo para piloto de avião

Thais Ferreira iniciou a sua carreira profissional na aviação como comissária de bordo, mas quis sonhar mais alto e passou a se dedicar a se profissionalizar e se tornar piloto de avião.

“Eu cresci em uma família de pilotos, meu pai inspirou os dois filhos. Meu irmão também é piloto. Eu sempre cresci nesse meio. Eu via o meu pai se arrumando, se trocando, botando uniforme, indo para o aeroporto. Eu sempre admirei a aviação”, relata Thais.

“Eu entrei primeiro como comissária, fiquei por 10 anos, mas senti que eu precisava de algo mais. Foi quando eu resolvi fazer o curso de piloto e ele me apoiou [o pai] e eu entrei nesse processo”, contou Thais Ferreira. Atualmente, ela trabalha como piloto de voos comerciais da Gol.

Além das dificuldades de trabalhar como comissária de bordo durante a semana e estudar para ser piloto de avião aos finais de semana, Thais Ferreira também teve que superar os preconceitos disfarçados de brincadeiras e piadas.

“Já ouvi algumas gracinhas. Algumas brincadeiras fora de hora, mas posso dizer que foi a minoria, a maioria dos comandantes e comissários sempre me ajudaram, me apoiaram. Mas já ouvi algumas brincadeiras fora de hora até mesmo de passageiros. Às vezes o passageiro entra, vê que é uma mulher que tá na cabine de comando e diz ‘ainda bem que avião não dá ré’, ou ‘bonitinha, será se sabe pilotar o avião?’”, recordou a piloto da Gol.

Apesar das dificuldades, Thais se sente realizada como piloto de avião. Ela afirma que a profissão possibilita que ela tenha momentos saudáveis e memorias com a pequena Aila, de 2 anos e 7 meses.

“A maternidade me mudou bastante, tanto no meu profissional como no meu pessoal. Hoje eu trabalho 15 dias e folgo 15 dias, e teoricamente dentro desses 15 dias eu tenho cinco dias de folga. Então eu consigo ficar bastante em casa, o que para mim é essencial poder ficar aqui com a pequena”, destaca Thais Ferreira.

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Piloto da Gol, ela divide a sua jornada entre a pequena Aila e a aviação
Thais superou preconceitos e hoje pilota os aviões da Gol
Thais começou na aviação como comissária de bordo, mas se viu realizada como piloto
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A aviação esteve presente na vida de Thais desde criança

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Piloto da Gol, ela divide a sua jornada entre a pequena Aila e a aviação

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Thais superou preconceitos e hoje pilota os aviões da Gol

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Thais começou na aviação como comissária de bordo, mas se viu realizada como piloto

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Sonho de criança

Ana Carolina Zambuzi sonhava com a aviação ainda quando menina, e ficava observando as aeronaves sobrevoando a sua casa em São José dos Campos, município de São Paulo. O sonho começou a se tornar realidade quando ela foi acompanhar o irmão que ia se matricular em um curso de mecânico de avião.

“Desde criança eu era apaixonada por avião. Eu conseguia imaginar eu trabalhando dentro dele, era uma coisa muito distante para a minha realidade, mas eu amava aviões. Tanto é que o primeiro livro que eu li na vida foi ‘Nas Asas da Educação’ [de Ozires Silva]”, contou Ana Carolina.

Com 17 anos, ela decidiu largar o trabalho como animadora de festa de um buffet infantil e decidiu se dedicar para o curso de comissária de bordo. “Eu fiz o curso, fui uma das três melhores alunas da escola porém, ao longo do curso eu descobri o curso de piloto e falei ‘é isso que eu quero’, só que eu sabia que para mim essa jornada teria que ser bem planejada, uma rota bem definida”, destacou.

Depois de passar pela carreira de comissária, Ana Carolina se dedicou para se tornar piloto, se formou em ciências contábeis na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, e passou a trilhar o seu caminho para realização do sonho.

Ao longo da sua carreira, trabalhou como co-piloto de passageiros e atualmente considera que atingiu o seu objetivo profissional, na função de co-piloto de Boeing 767 cargueiro da Latam.

Ana Carolina relembra que ouviu sim comentários maldosos sobre pilotar um avião, mas que esses desafios foram superados.

Para ela, um dos momentos de realização na carreira foi poder levar a própria mãe como passageira.

“A primeira vez e única que eu tive a oportunidade de levar a minha mãe em um voo. Lógico que ela não pode ir na cabine, ela foi no assento de passageira, mas é algo tão inexplicável da sua mãe olhar você, aquela menininha que sonhou com algo, e ela olhar e falar ‘olha lá a minha filha’”, relembrou emocionada a co-pilota de Boeing 767.

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Ela começou na aviação como comissária de bordo ainda com 17 anos
Uma das viagens mais importantes para Ana foi quando ela teve a própria mãe como passageira
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Ana Carolina é co-pilota de Boeings 767 cargueiros da Latam

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Ela começou na aviação como comissária de bordo ainda com 17 anos

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Uma das viagens mais importantes para Ana foi quando ela teve a própria mãe como passageira

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Um grande reparo

Antes de trabalhar como mecânica de aeronaves, Joyce Campos atuou como secretária, recepcionista e teve uma empresa de limpeza pós-obra. No entanto, se viu realizada ao fazer a manutenção de um avião, com remoção do motor e revisão de habilidades técnicas com uma equipe composta só por mulheres.

No hangar da Azul Linhas Aéreas, em Campinas, São Paulo, a equipe feminina da companhia realizou a manutenção de uma aeronave Embraer E2. “Isso é muito legal. A gente sabe que a gente tem capacidade e a gente teve a oportunidade de mostrar isso para todo mundo que poderia ainda ter alguma dúvida”, destacou Joyce Campos.

Apesar disso, o começo da carreira como mecânica de aeronaves ela se viu como a única mulher no hangar, onde teve que enfrentar barreiras para se destacar no trabalho.

“Esse preconceito existe de uma forma geral. Não tem como a gente falar que nunca passou por isso, mas a empresa dá um suporte muito bacana para a gente”, afirmou a mecânica de aeronaves ao Metrópoles. “Tem pessoas que ficam chocadas no sentido de ‘nossa que maravilhoso, que legal você está nessa área’, e tem pessoas que pensam que a gente trabalha só na parte administrativa da manutenção, que pensam que a gente não faz força.”

Antes mesmo de se inscrever no curso de mecânica de aeronaves, Joyce, diferente de muitos colegas, não conhecia algumas ferramentas consideradas tradicionais.. “Eu lembro que no meu primeiro dia lá no hangar o técnico me pediu uma catraca e eu parei na frente do carrinho de ferramentas e falei ‘meu Deus do céu’, mas com o passar do tempo a gente vai aprendendo.”

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Joyce sente que pode ir cada vez mais longe na sua profissão
Joyce no hangar da Azul, em Campinas
Time de mulheres da Azul na preparação de um avião
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Antes de ser mecânica de aeronaves, Joyve foi recepcionista, secretária e dona de empresa pós-obra, mas se descobriu profissionalmente na aviação

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Joyce sente que pode ir cada vez mais longe na sua profissão

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Joyce no hangar da Azul, em Campinas

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Time de mulheres da Azul na preparação de um avião

Azul

Joyce reforça que tudo é um aprendizado, e que há sim espaço para mulheres dentro da manutenção de aeronaves, um local tradicionalmente ocupado por homens, mas que vem ganhando traços mais femininos.

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