“Não quero receber meu filho num caixão”, diz pai que luta por guarda
Alexandro Ramalho foi obrigado pela Justiça a devolver a criança para a mãe, acusada de maus-tratos. Mãe nega as acusações
atualizado
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São Paulo – O empresário Alexandro Ramalho, 38, estava dando banho no filho João*, de 1 ano e 8 meses, quando soube que a mãe do menino obteve na Justiça o direito à guarda compartilhada.
Seria um trâmite natural entre pais separados, mas a notícia caiu como uma bomba para o pai que acumula um dossiê de provas de maus-tratos atribuídos à mãe. “Estou desesperado, não quero receber meu filho de volta em um caixão”, disse ele, em entrevista ao Metrópoles, na frente do prédio onde mora em São Paulo.
Os pais de João não tinham um relacionamento formal quando veio a gravidez. Permaneceram juntos por pouco mais de um ano após seu nascimento.
Com a separação, foi formalizada a guarda compartilhada na Justiça: o menino passou a morar em Guarulhos, na Grande São Paulo, na casa da mãe, e o pai poderia ficar com ele por dez dias no mês.
As coisas começaram a mudar quando o menino passou a aparecer na casa do pai com sinais de negligência nos cuidados, como os dentes sujos, e abaixo do peso.
O sinal de alerta disparou quando João voltou para a casa de Alexandro com uma lesão na cabeça. O empresário o levou correndo para o pronto-socorro onde foi constatado um traumatismo craniano decorrente de “provável hematoma em regressão”, segundo o laudo.
O resultado do exame foi levado ao Instituto Médico Legal que confirmou as lesões. O laudo de corpo de delito foi anexado ao boletim de ocorrência por maus-tratos.
“Antes disso, a mãe sumiu durante 20 dias com meu filho, e não cumpriu o acordo que me autorizava a falar com ele todo dia. Ela nunca me explicou o que aconteceu para a cabeça dele ficar daquele jeito”, disse o pai.
O episódio ocorreu há cerca de 20 dias e, desde então, o empresário obteve na Justiça o direito de ficar com o menino até o fim do processo pela guarda.
O Ministério Público de São Paulo deu parecer favorável à guarda do pai e reconheceu os indícios de maus-tratos supostamente praticados pela mãe.
A situação que parecia sob controle mudou na última sexta-feira (18) quando a juíza da 6 Vara de Família e Sucessões de Guarulhos, Lilianna Siepierski de Araújo Vilela, decretou que João voltasse a morar com a mãe.
Em sua decisão, a juíza não acatou a denúncia de maus-tratos decorrente da lesão na cabeça e a considerou de pouco importância, decorrente de um acidente doméstico, já que não demandou um tratamento mais sério, como internação hospitalar e administração de medicamentos.
Além disso, a juíza reiterou que caso o pai se recusasse a entregar o filho à mãe iria constituir prova de que ele quer usar a criança para atingi-la por ciúmes, conforme afirma a defesa da mãe. De acordo com ex-mulher, Alexandro quer retaliá-la pelo fato de ela estar em outro relacionamento.
A defesa da mãe nega as acusações e afirma que no processo existem “provas de que os fatos não são os narrados por ele e as reais motivações desta acusação”.
O pai contesta: “Está evidente que nesse caso a Justiça privilegia a mãe, mas eu sou pai e mãe do meu filho desde que ele nasceu. Sou eu que levo ao pediatra, dou banho, faço tudo por ele”.
*o nome real da criança foi mudado para preservar sua identidade