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“Não fui atingida porque Marielle foi meu escudo”, diz assessora

A assessora Fernanda Chaves prestou depoimento em ação que tramita no STF contra os suspeitos de matar Marielle Franco e seu motorista

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Renan Olza/Camara Municipal do Rio de Janeiro
Arquivo - Marielle Franco
1 de 1 Arquivo - Marielle Franco - Foto: Renan Olza/Camara Municipal do Rio de Janeiro

Única sobrevivente do carro em que foram assassinados a vereadora Marielle Franco (PSol) e o motorista Anderson Gomes, a jornalista Fernanda Chaves prestou depoimento, nesta segunda-feira (12/8), dentro da Ação Penal que analisa os homicídios ocorridos em 2018.

Ao Ministério Público Federal (MPF), Fernanda descreveu o dia do assassinato, os projetos e lutas de Marielle como vereadora, a relação com Chiquinho Brazão e os impactos do ocorrido em sua vida pessoal. “Não fui atingida porque Marielle foi meu escudo”, contou Chaves em depoimento.

Ex-assessora de imprensa de Marielle, Chaves estava no carro na noite de 14 de março de 2018 e narra os momentos de terror vividos na ocasião.

“Ele estava desacelerando para pegar um sinal. Alguma coisa que o carro estava bem devagar. O Anderson era uma pessoa que dirigia muito suave, então não tinha muito solavanco. Em determinado momento, veio a rajada, rajada de tiros. Me encolhi, abaixei. Estava no banco de trás. A Marielle fez um “eita” de susto”, relatou.

Depois de um tempo, Fernanda Chaves relatou ter sentido o corpo de Marielle pesar em cima dela. Viu as mãos de Anderson soltar do volante. Ela não teve a sensação exata do que estava acontecendo. Mas disse ter sido atendida pelos bombeiros e se lembra de ver muito sangue.

“Fui para casa tomar um banho. Tava muito suja de sangue e tinha cápsulas de tiro no cabelo”, relatou.

Questionada pelo integrante do MPF, Olavo Evangelista Pezzotti, porque achava que os projéteis não a atingiram, Fernanda relatou: “Não fui atingida porque Marielle foi meu escudo. Estava muito próxima da Marielle. Atribuo ao corpo de Marielle que estava ao meu lado”, disse.

Moradia e milícias

Questionada ainda se a pauta do direito à moradia fazia parte das defesas de Marielle, Fernanda disse que sim. A ex-assessora respondeu que havia atuação sobre projetos de habitação em áreas de milícia como Jacaré Paguá e Rio das Pedras.

“A agenda do mandato dela nessas áreas aconteceu. A assessoria da pauta de urbanismo esteve em alguns momentos em agendas na zona oeste. É complicado dizer “áreas de milícias”, atribuir território a criminosos, mas, sim, tinha um trabalho sobre isso”, afirmou.

Ela ainda confirmou que a regularização fundiária era uma das batalhas políticas de Marielle, além do combate às milícias. “Era um tema que ela se posicionava contra com muita força”.

Além disso, Fernanda relatou não ter conhecimento de desavenças entre Marielle e Rivaldo Barbosa. Sobre Chiquinho Brazão, afirmou que em uma ocasião houve uma discussão entre os vereadores: “Teve um atrito com Chiquinho Brazão, ele deu uma reclamada. Ela chegou no gabiente comentando: ‘O Brazão deu uma bronca’ Me lembro dessa situação”, relatou Fernanda.

Vida pessoal

Sobre os impactos em sua vida pessoal, Fernanda Chaves ressaltou que mudou tudo. Sua filha tinha 6 anos à época do assassinato de Marielle. Ela teve que sair da escola.

A ex-assessora precisou sair do país com sua família, não falar com ninguém sobre o tema e ainda relatou traumas posteriores.

Audiências

Fernanda participa do primeiro dia de audiências que o Supremo Tribunal Federal (STF) deu início, nesta segunda-feira (12/8). A uma série de audiências ocorre dentro do processo que trata do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes, em 2018. Ao todo, serão cinco dias de oitivas.

A intimação, feita pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, foi para oito testemunhas de acusação do deputado federal Chiquinho Brazão, de seu irmão, o conselheiro do Tribunal de Contas (TCE-RJ) Domingos Brazão; do ex-assessor Robson Calixto Fonseca; do ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa; e do major Ronaldo Paulo de Alves Pereira.

Além de testemunhas e de Fernanda, que é vítima. Os depoimentos ocorrerão por videoconferência, por meio do aplicativo Zoom, até o dia 16 de agosto.

Em junho, a Primeira Turma do Supremo tornou réus os cinco acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos crimes de homicídio qualificado no caso de Marielle e Anderson e por tentativa de homicídio no caso de Fernanda Chaves, assessora da vereadora que estava no carro no momento do ataque.

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