“Não aguento mais esse sofrimento”, diz vítima de cárcere em hospital
Em vídeo gravado no hospital, Daiana Chaves Cavalcanti diz que não vê o filho de 2 anos desde junho; cirurgião plástico foi preso
atualizado
Compartilhar notícia
Rio de Janeiro – Em um vídeo gravado no leito do hospital, a paciente mantida em cárcere privado pelo médico Bolívar Guerrero, 63, faz um apelo. Na gravação, Daiana Chaves Cavalcanti, 36 anos, diz que a pele está necrosada e que o médico acabou com seus planos.
“Quando ele fez o meu peito, eu fiquei super feliz e juntei dinheiro para poder realizar o meu sonho [fazer a abdominoplastia]. Infelizmente, necrosou tudo. Estou aqui muito triste, já chorei. Não aguento mais chorar”, disse Daiana em um vídeo exibido pelo Encontro, da TV Globo.
A paciente realizou a abdominoplastia com o médico no início de março. De acordo com a polícia, três meses depois a mulher foi internada, em estado grave e com várias complicações em decorrência da cirurgia.
O cirurgião plástico Bolívar Guerrero foi preso na última segunda-feira (18/7), no meio de uma cirurgia no Hospital Santa Branca, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense.
Mãe de um menino de 2 anos, ela diz que o filho precisa da presença dela. Os dois não se encontram desde quando ela foi internada, em junho.
“Eu peço muita ajuda para vocês, que me ajudem a sair daqui, eu preciso ser transferida, sair daqui. Porque eu tenho um filho de 2 anos que precisa de mim. Eu não aguento mais esse sofrimento”, diz a paciente.
Segundo o inquérito policial enviado à Justiça, Daiana corre risco de vida. “Há indícios claros de que a vítima está apodrecendo naquele hospital, vide as imagens em anexo, podendo já estar inclusive com infecção generalizada e à beira da morte, mas sendo mantida lá para ocultar a atividade criminosa do médico”, diz a Polícia Civil em documento.
“Estou com saudade da minha família. Eu só quero ir embora, só quero ter minha vida normal lá fora. Esse médico acabou com meu sonho”, desabafa Daiana em vídeo.
A família da paciente já conseguiu duas liminares na Justiça, mas ainda não foram cumpridas. No dia 14 de julho foi determinado pela esfera cível que Daiana fosse transferida, sob pena de multa de R$ 2 mil para o médico e o hospital em caso de descumprimento.
Na segunda-feira (18/7), dia da prisão do médico, foi concedida pela Justiça outra liminar, dessa vez na esfera criminal. Até agora, a paciente não conseguiu sair do Hospital Santa Branca, em Duque de Caxias.