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Não adianta juros baixos sem obediência à regra fiscal, diz Campos Neto

Taxa básica de juros não pode ser reduzida se não houver respeito à regra fiscal por parte do governo, defendeu Campos Neto

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1 de 1 Roberto Campos Neto - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou, nesta terça-feira  (25/4), que a taxa básica de juros não pode ser reduzida se não houver respeito à regra fiscal por parte do governo.

A declaração foi feita durante audiência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal. Campos Neto foi convidado a prestar esclarecimentos sobre a meta de inflação e a taxa de juros praticada pelo BC.

A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. Quando o BC aumenta os juros, o objetivo é segurar a demanda aquecida, o que se reflete nos preços.

Os juros mais altos encarecem o crédito e, assim, ajudam a conter a atividade econômica, com menos dinheiro em circulação. Atualmente, o índice praticado é de 13,75% ao ano, e a meta de inflação estabelecida pelo BC para 2023 é de 3,25%.

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"Não tem consumo estável com inflação alta", disse Campos Neto na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE)
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto participa de uma audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE)
Senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO)
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa de audiência pública no Senado
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Comissão de Assuntos Econômicos ouve Roberto Campos Neto

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A taxa de juros praticada atualmente é alvo de críticas do governo e foi tema de embates entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Campos Neto. Para o presidente do BC, o governo deve manter o compromisso com as contas públicas para garantir um cenário em que a redução da taxa seja aceitável.

Ele citou exemplos de países que enfrentaram crises devido à dificuldade de seguir a regra fiscal, como a Inglaterra. A crise motivou a queda da ex-primeira-ministra britânica Liz Truss.

“O evento Liz Truss foi um programa feito com gastos acentuados e gerou uma reação de mercado imediata. O BC inglês teve que entrar para socorrer. É muito importante a gente entender que não tem mágica no fiscal. Infelizmente, não tem bala de prata. Se a gente não tiver as contas em dia, a gente não consegue melhorar”, disse.

Arcabouço fiscal

Campos Neto citou como exemplo a queda da taxa de juros em 2016 após o anúncio do teto de gastos, durante a gestão de Michel Temer.

Para o presidente do BC, o novo projeto de arcabouço fiscal, apresentado pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, é “o caminho a ser seguido”.

“Foi um movimento na direção certa. Gostaria de dizer de novo, voltando ao evento da Inglaterra, que não tem bala de prata. É muito difícil um país seguir o regime de metas que a gente segue sem ter um regime de disciplina fiscal. Entendemos que esse é o caminho a ser seguido”, destacou.

Veja audiência de Campos Neto com senadores:

Críticas

A taxa é alvo de críticas do presidente Lula e de lideranças do Partido dos Trabalhadores, como a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann. O chefe do Executivo Federal chegou a afirmar que o índice é “absurdo” e prejudica o investimento no país.

Mesmo após a insatisfação demonstrada pelo presidente e pela base aliada, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, manteve, em decisão de março, a Selic em 13,75% ao ano. Apesar da deflação brasileira, foram considerados o cenário internacional “adverso e volátil” e a alta dos juros americanos.

Além de comparecer à CAE, Campos Neto participará de um debate com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em 27 de abril. A taxa de juros também será o tema principal da discussão, convocada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

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