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Não adianta falar em clima sem resolver desigualdade, diz Lula em cúpula

Em discurso duro contra países ricos, FMI, Banco Mundial e ONU, Lula cobrou nova governança global durante cúpula em Paris, na França

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Lula e Petro
1 de 1 Lula e Petro - Foto: Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu que lideranças globais incluam o tema desigualdade em meio às discussões sobre a agenda climática, nesta sexta-feira (23/6). Em discurso duro durante participação na Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global na França, o mandatário brasileiro voltou a cobrar os países ricos por compromissos firmados.

“Eu não vim aqui para falar somente da Amazônia. Vim para falar que, junto com a questão climática, nós temos que colocar a questão da desigualdade mundial. Não é possível que numa reunião entre presidentes de países importantes, a palavra desigualdade não apareça. A desigualdade de salário, de raça, de gênero, na educação, na saúde. Estamos em um mundo cada vez mais desigual”, comentou o mandatário brasileiro.

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Lula na Cúpula para Novo Pacto Financeiro Global
Lula criticou a ONU, o FMI e o Banco Central na Cúpula para Novo Pacto Financeiro Global, em Paris
Lula discursa no evento Power Planet, em Paris
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Lula e outros líderes mundiais na Cúpula para Novo Pacto Financeiro Global

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Lula na Cúpula para Novo Pacto Financeiro Global

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Lula criticou a ONU, o FMI e o Banco Central na Cúpula para Novo Pacto Financeiro Global, em Paris

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Lula discursa no evento Power Planet, em Paris

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Lula defendeu que, “se nós não discutirmos essa questão da desigualdade,e se a gente não colocar isso com tanta prioridade quanto a questão climática, a gente pode ter um clima muito bom e o povo continuar morrendo de fome em vários países do mundo. Não é só na África, é na América Latina, no Brasil”, prosseguiu.

O mandatário, no entanto, prometeu centrar esforços em outros biomas brasileiros – além da Amazônia, e acabar com o desmatamento da floresta até 2030.

“Por isso, vamos colocar isso como questão de honra, de até 2030 acabar com o desmatamento na Amazônia. O Brasil tem 30 milhões de hectares de terras degradadas, não precisa cortar uma árvore para plantar um pé de soja, um pé de milho ou criar gado. É só recuperar as terras degradadas.”

O mandatário brasileiro está em Paris, desde a última quinta-feira (22), para participar do encontro econômico a convite do presidente da França, Emmanuel Macron. Ao lado do líder francês, ele cobrou mudanças no Banco Mundial (BM), no Fundo Monetário Internacional (FMI) e na Organização das Nações Unidas (ONU).

Reformas na ONU, BM e FMI

Não é a primeira vez que o presidente brasileiro volta seu discurso contra a ONU. No G7, no Japão, em maio, Lula pediu reforma no Conselho de Segurança na ONU. Em abril, em visita à Espanha, o mandatário criticou o papel do órgão na resolução do conflito entre Rússia e Ucrânia.

“É importante que a gente tenha noção de que a gente não pode continuar com as instituições funcionando de maneira equivocada. Mesmo o Conselho Nacional de Segurança da ONU. Os membros permanentes não representam mais a realidade política de 2023. Se representava em 1945, em 2023 é preciso mudar. A ONU precisa voltar a ter representatividade. A ter força política”, afirmou Lula.

Lula é um grande defensor de uma reforma nos membros permanentes do conselho, e advoga pela inclusão de países latino-americanos e africanos, além dos cinco tradicionais: EUA, França, Reino Unido, Rússia e China.

Na opinião do brasileiro, falta a prática dos compromissos feitos entre nações, o que demonstra a falta de força da ONU. “Vamos ser francos: quem é que cumpriu o Protocolo de Kyoto? A Cop15 em Copenhagen? O Acordo de Paris? Não se cumpre porque não tem uma governança mundial com força para decidir as coisas e a gente cumprir”, disparou Lula.

O brasileiro citou ainda a questão da Argentina, que vive uma grave crise econômica em razão da dívida com o FMI. Segundo ele, as organizações financeiras globais precisam de “novos direcionamentos”.

“Muitas vezes os bancos emprestam dinheiro e o dinheiro emprestado é o resultado da falência do Estado”, apontou.

E citou o exemplo da Argentina. “Da forma mais irresponsável do mundo, o FMI emprestou 44 bilhões de dólares para um senhor que era presidente [referindo-se ao ex-presidente argentino Mauricio Macri]. Não se sabe o que ele fez com o dinheiro, e a Argentina está hoje em uma situação econômica muito difícil porque não tem dólar para pagar o FMI”, afirmou.

Lula vai se reunir com Alberto Fernandez, atual presidente argentino, na segunda-feira (26/6), em Brasília. Será o quinto encontro entre os dois desde janeiro e, mais uma vez, o assunto deve ser a crise financeira vivida pelo país vizinho.

“Se a gente não mudar as instituições, o mundo vai continuar o mesmo. Quem é rico vai continuar rico, e quem é pobre vai continuar pobre. E eu falo isso com pesar”, apontou Lula.

Acordo Mercosul-UE

No último dia de viagem pela Europa, o presidente brasileiro voltou a citar a carta adicional enviada pela União Europeia (UE) ao Mercosul, com sanções rígidas ligadas à agenda ambiental para garantir a concretização do acordo de livre comércio entre os dois blocos. Há pelo menos duas décadas, países trabalham para ratificar o acordo.

Ao lado de Macron, Lula falou que o documento ameaça parceiros estratégicos, e pediu que tratados comerciais entre blocos e países “sejam mais justos”.

“Os acordos comerciais têm de ser mais justos. Estou doido para fazer um acordo com a União Europeia. Mas não é possível. A carta adicional que foi feita pela União Europeia não permite que se faça um acordo. Nós vamos fazer a resposta, mas é preciso que a gente comece a discutir”, declarou.

“Não é possível que a gente tenha uma parceria estratégica e haja uma carta adicional fazendo ameaças a um parceiro estratégico. Como a gente vai resolver isso?”

Em negociação há pelo menos 20 anos, a concretização do tratado comercial é uma das apostas do petista para o terceiro mandato. No entanto, esbarra em entraves impostos por nações do bloco europeu, principalmente relacionados à proteção ambiental.

Agenda na Europa

O presidente Lula cumpre, nesta sexta (23/6), o seu último dia de agendas na Europa. Esta é a terceira viagem do petista ao continente no terceiro mandato, iniciado em janeiro.

Após a participação na cúpula econômica pela manhã, o mandatário brasileiro será recebido pelo presidente Emmanuel Macron, para um almoço de trabalho no Palácio Eliseu, residência oficial do líder francês em Paris.

Durante a tarde no horário local, ele tem um audiência com o presidente do Naval Group, Pierre-Eric Pommellet; e um encontro com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo. Depois, se reúne com o presidente da República do Congo, Denis Sassou-Nguesso. À noite, ele será recebido pelo príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman al Saud.

Lula desembarcou na França nessa quinta-feira (22/6). Em Paris, ele discursou em um festival de música e defendeu que países ricos financiem a preservação de florestas como a Amazônia. Nesta sexta, além da Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, ele participou de uma reunião bilateral com o presidente francês Emmanuel Macron.

Antes de viajar para a França, o brasileiro esteve na Itália, onde se reuniu com lideranças locais, com o presidente do país, Sergio Mattarella, e com o Papa Francisco.

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